A arte com papel de Yulia Brodskaya

Qual é o papel do papel na Arte?

O que todo mundo sabe é que se usa o papel como suporte. Suporte para desenho. Suporte para pastel. Suporte para pintura.  Que, aliás, não é tão valorizado quanto a tela como suporte, por exemplo. Mas Yulia Brodskaya não faz arte em papel. Faz arte com papel. Ela é uma “paper artist“.

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Vídeo (em inglês) com entrevista de Yulia Brodskaya falando sobre a criação de sua obra para o Torneio de Wimbledon 2015

Yulia Brodskaya nasceu em Moscou, na Rússia, mas desde 2004 mora no Reino Unido, onde completou um mestrado em Comunicação Gráfica, na Universidade de Hertfordshire.

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“Moça com brincos de pavão”

Yulia Brodskaya começou a trabalhar como designer e ilustradora em 2006, mas rapidamente abandonou os programas de computador para se dedicar à arte com papel: “O papel sempre exerceu um fascínio sobre mim. Eu tentei vários métodos e técnicas diferentes para trabalhar com o papel, até eu encontrar a minha forma particular: agora eu desenho com o papel ao invés de desenhar sobre ele“.

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“Babushka”

A técnica utilizada é chamada de quilling e envolve o uso de tiras de papel que podem ser enroladas, torcidas ou espichadas, conforme o desenho a se criar. Essas tiras são coladas em um fundo de papel e compõem imagens impressionantes. Foi com essas ilustrações em papel inovadoras que Brodskaya ganhou reputação internacional.

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“Pombas de amor”

O material parece atuar sobre as percepções e ideias de maneira singular, de modo que a observação se torna uma parte importante da mensagem. Sendo um objeto tridimensional, a obra de Brodskaya oferece múltiplas visões. Dependendo do ângulo de observação, da intensidade e da direção da iluminação a mensagem emocional emitida pela obra a e a experiência visual do observador mudam significativamente.

Yulia4Yulia5Yulia Brodskaya é frequentemente convidada para falar em conferências de design e escolas de design no mundo inteiro.

Seus trabalhos originais em arte com papel pode ser encontrada tanto em museus como em eventos, campanhas publicitárias e clientes particulares. Museus como o Museu de Arte Moderna, eventos como o Torneio Mundial de Wimbledon e campanhas para Ferrero, Hermes e Paramount Pictures.

E por falar em papel, nada como terminar este post com o poema “Canivete de papel“, de Manoel de Barros:

Desde criança ele fora prometido para lata.
Mas era merecido de águas de pedras de árvores de pássaros.
Por isso quase alcançou ser mago.
Nos apetrechos de Bernardo, que é o nome dele, achei um canivete de papel.
Servia para não funcionar: na direção que um canivete de papel não funciona.
Servia para não picar fumo.
Servia para não cortar unha.
Era bom para água mas obtuso para pedra.
Havia outro estrupício nos guardados de Bernardo.
Tratava-se de um Guindaste para Mosca.
Esse engenho, pra bem funcionar, havia que estar ligado por uma correia aos ventos da manhã.
Funcionava ao sabor dos ventos.
Imitava uma instalação.
Mas penso que seja um desobjeto artístico.

Comments(2)

  1. Responder
    MIGUEL PENNA SATTAMINI DE ARRUDA says:

    Reportagem excelente e inovadora, pois trata de algo inusitado, isto é, pintar sobre o papel com o papel. Muito instrutivo e novo. O vídeo é bem esclarecedor do lindo trabalho da artista.
    A poesia de Manoel de Barros é um mimo, como a maioria. Parabéns por nos propiciar um deleite artístico raro.

  2. Responder
    Lucas says:

    Ótimo acervo de técnicas utilizando arte com papel. Pena que poucos trabalham o técnica quiling no Brasil. Ainda tem muito espaço para explorar no campo das artes no Brasil. Ótimo poema de Manuel de Barros

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