Camille Claudel (1864-1943) , até alguns anos atrás, era conhecida como escultora, modelo, aluna, amante e colaboradora de Auguste Rodin, um dos maiores escultores da história da Arte, criador de “O Pensador” e de “O Beijo“. Hoje, Camille caminha a passos largos para ser considerada maior que Rodin!
Durante quinze anos, de 1883 a 1898, os dois artistas criaram a maior parte de suas obras em conjunto, uma arte fecundando a outra. Corpos e almas se entregaram de forma voraz, produzindo obras repletas de sensualidade. Foi o caso de “A valsa“, produzida por Camille Claudel.
Na época de sua criação, em 1892, a obra, encomendada pela Academia de Belas Artes, foi alvo de um escândalo, pois representava um casal de dançarinos nus enlaçados. Camille recebeu a ordem de cobrir a nudez do casal, o que ela fez em 1901, vestindo a mulher com um véu de metal, o que só fez ampliar a graça ao movimento. “A valsa” foi editada em 25 exemplares, nenhum deles em mármore.
Um desses exemplares, uma escultura em bronze ficou desaparecida por mais de cem anos. Esquecida em um armário de seu primeiro proprietário, recentemente foi descoberta e colocada à venda em um leilão que aconteceu em um castelo na França. Valor de arremate da peça? 1,46 milhões de euros!
É o recorde já alcançado por uma estatueta deste tamanho – ela mede 46,7cm – de “A valsa“. Um outro exemplar, bem maior, com altura de 96cm, já tinha sido vendido em um leilão da Sotheby’s, em 2013, por 5,1 milhões de euros.
E quem arrematou a peça? A sobrinha neta de Camille Claudel, Reine-Marie Paris, que disputou com vários concorrentes, inclusive dos Estados Unidos, o direito de adquirir a escultura, que já tem destino certo: o Museu de Camille Claudel, localizado em Nogent-sur-Marne, perto de Paris. Reine-Marie já doou ao Museu várias peças de sua coleção de sua tia-avó, que ela foi comprando durante a vida.
Assim se expressou Louis Vauxelles, influente crítico de arte francês, acerca de “A valsa“: “O ritmo, a harmonia e a embriaguez da valsa estão aí, mas também a paixão e a concordância dos corpos. Ambos são energia atormentada e fineza nervosa. É um homem e uma mulher vacilando na paixão que os une numa sensualidade impetuosa. A Valsa é um poema de uma louca embriaguez: os dois corpos não são mais que um, o prestigioso torvelinho enlouquece-os, a bailarina morre de voluptuosidade”.
A Arte. O Amor. A Nudez. O que se aproxima mais de Deus do que uma criação como essa?
Autor: Catherine Beltrão
Comment(1)
Miguel Penna Sattamini de Arruda says:
3 de novembro de 2017 at 14:12Para mim, Camille Claudel é o Van Gogh da escultura. Tenho a mesma paixão por sua obra que tenho pelas obras do pintor. Chegamos, minha esposa e eu, a ir a Tours para apreciar alguns originais de sua obra que se encontram em museu desta cidade.
Apaixonado de corpo e alma.