Antonio Parreiras: a “obra carregada”

O recente episódio hilário envolvendo a obra “Morte de Estácio de Sá”, de Antônio Parreiras, resultando na sua retirada do gabinete do governador do estado do Rio de Janeiro, teve um lado positivo. Afinal, não são poucos que se perguntam agora: “Foi assim que Estácio de Sá morreu?”, “Quem foi esse Antônio Parreiras?”

Parreiras

Antônio Parreiras

Antônio Parreiras (1860-1937), ao longo de uma carreira de cerca de 55 anos, realizou 850 pinturas, das quais 720 em solo brasileiro. Inicialmente, dedicou-se à paisagem, mas após uma temporada de cerca de dois anos na Europa, entre 1888 e 1890, começou a se interessar pela figura humana. A partir de 1899, executou painéis em alguns palácios e prédios públicos. O renomado pintor Victor Meirelles (1832-1903) o estimulou a pintar cenas históricas para o governo. Dentre elas, destacam-se “Morte de Estácio de Sá”, “Prisão de Tiradentes” e “Proclamação da República de Piratini”. Em 1925, Antônio Parreiras foi considerado o pintor mais popular do país.

O quadro em questão – “A morte de Estácio de Sá”  integra o acervo do Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro e se encontra atualmente no Palácio Guanabara, sede do governo do estado. Ele foi encomendado em 1909 pelo prefeito do então Distrito Federal, Inocêncio Serzedelo Corrêa, ao pintor Antônio Parreiras e pintado em Paris. Entre suas várias temporadas na França, Parreiras vinha ocasionalmente ao Brasil, onde fazia contatos com pessoas ilustres e influentes junto aos governos do Distrito Federal e de estados da jovem República brasileira, e acertava oficialmente suas encomendas de pinturas históricas.

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“A morte de Estácio de Sá”, de Antônio Parreiras. 1911, ost, 160 x 210cm

A obra é repleta de simbolismos e personagens marcantes. Estácio de Sá, agonizante, segura as mãos de Anchieta; ao seu pé está o tio Mem de Sá; ao centro do quadro, de braços cruzados, contempla a cena Arariboia, o inimigo dos tamoios que se aliou aos portugueses, e, ao fundo, o padre Manuel da Nóbrega, que ergue a cruz à frente dos índios ajoelhados e já totalmente subjugados.

Em tempo 1: Estácio de Sá morreu ferido por uma flecha envenenada na terrível batalha de Uruçu-mirim (na atual Praia do Flamengo), que selou definitivamente a conquista portuguesa da Guanabara.

Em tempo 2: Estácio de Sá deixou o gabinete do governador, abrindo passagem para Dom Pedro I, retratado na pintura de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (1856-1916). Será que a substituição da pintura ajuda o Rio a sair do poço de crises em que se encontra?

Em tempo 3: Prevejo uma alta na cotação de obras de Antônio Parreiras…

Autor: Catherine Beltrão

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