As joias de Dalí

O extravagante artista espanhol Salvador Dalí (1904-1989) é considerado um dos maiores artistas do século XX.  Assim como Michelangelo, Dalí era multifacetado e desenvolveu sua produção artística de várias formas: pintura, escultura, arquitetura, teatro, cinema, literatura e joalheria.

Entre 1941 e 1970, com a colaboração de um milionário americano chamado Cummins Catherwood, Dalí criou uma coleção de joias. Catherwood forneceu milhares de dólares em pedras preciosas que Dalí encorpou a uma série de peças fabulosas. No total, 39 peças foram feitas, tendo sido trocadas de mãos várias vezes até finalmente serem vendidas à Fundação Salvador Dalí por 5.5 milhões de euros em 1999.

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“O coração real”, de Salvador Dalí. Vídeo

Talvez a peça mais intrigante de toda a coleção seja o “Coração Real“. Feita de ouro puro com maravilhosos 46 rubis, 42 diamantes e duas esmeraldas, o mais incrível sobre o coração real é como ele, perturbadoramente, batia como um coração humano.

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“O olho do tempo”, de Salvador Dalí

Salvador Dalí também produziu o seu “O Olho do Tempo”. Era a sua visão surrealista, mas problematizante, da história da humanidade e
de cada um de nós. Fabricado com platina, rubi, diamantes e esmalte.

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“A Persistência da Memória”, de Salvador Dali

Talvez poucos saibam, mas a obra mais famosa de Salvador Dalí, “A Persistência da Memória“, teve sua versão em forma de joia.

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“A persistência da memória”, de Salvador Dali. 1931

Uma curiosidade a respeito da obra original: Dalí conta que levou duas horas para pintar a maior parte da obra (do total de menos de cinco horas), enquanto esperava sua esposa voltar do teatro. Neste dia, o pintor se sentira cansado e com uma leve dor de cabeça, não indo ao teatro com sua esposa e amigos. Ao retornar do filme, Dalí mostrou a obra a sua esposa, vendo em sua face a “contração inequívoca de espanto e admiração“. Ele então, a perguntou se ela achava que em três anos ela esqueceria aquela imagem, tendo como resposta que “ninguém poderia esquecê-la uma vez vista“. Mas muita gente quer saber o que essa imagem representa. “Toda a minha ambição no campo pictórico é materializar as imagens da irracionalidade concreta com a mais imperialista fúria da precisão”. Esta frase de Dalí resume a pintura em questão; os elementos irreais – relógios derretidos – misturam-se com imagens familiares aos olhos humanos, criando uma impressão de que eles realmente estão ali.

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“O Espaço Elefante”, de Salvador Dali

Além do relógio, o elefante é também uma imagem recorrente nas obras de Salvador Dalí. Ele apareceu pela primeira vez em sua obra 1944 “Sonho Causado Pelo Voo de uma Abelha ao Redor de Uma Romã um Segundo Antes de Acordar“.

O elefante é uma distorção do espaço, as pernas finas contrapondo a ideia de imponderabilidade com estrutura.”

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“Lábios de rubi”, de Salvador Dali

Para quem gosta de pérolas e rubis, uma boa pedida é o estonteante “Lábios de rubi“, broche com pérolas cultivadas e rubis. Dizem que os lábios são inspirados na atriz norte-americana Mae West.

Salvador Dalí disse destas joias: “Sem uma audiência, sem a presença de espectadores, essas joias não iriam alcançar a função para a qual foram criadas. O espectador é, assim, o artista final. Seu olhar, o coração e a mente – com maior ou menor capacidade de entender a intenção do criador – imbuem as joias com a vida“.

Autor: Catherine Beltrão

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