Paul Cézanne (1839 -1906) nasceu e morreu em Aix-en-Provence, na França. Foi um pintor pós-impressionista e pode ser considerado como a ponte entre o impressionismo do final do século XIX e o cubismo do início do século XX. Matisse e Picasso diziam que Cézanne “é o pai de todos nós“. Cézanne era um perfeccionista e nunca estava satisfeito com seus quadros. Pintava centenas de vezes a mesma cena, tentando despertar a emoção que sentia diante de cada forma, cada cor. É dele a frase “quando a cor atinge sua riqueza, a forma atinge sua plenitude”.
Para Cézanne, a natureza morta era um tema como outro qualquer, equivalente ao corpo humano ou a uma paisagem, mas que se prestava especialmente bem às suas pesquisas sobre espaço, geometria dos volumes e correspondência entre cores e formas. “Eu vou conquistar Paris com uma maçã”, dizia ele, que elevou a fruta à condição de símbolo da pintura moderna. Ninguém, nem antes nem depois de Cézanne, pintou maçãs com tanta beleza e criatividade.
Na pintura chamada “Natureza-morta com maçãs e laranjas”, localizada no Museu d’Orsay, em Paris, o artista não pretendeu mostrar uma representação naturalista, mas sim, expressar intencionalmente o artificialismo dos objetos representados. Antes de começar qualquer trabalho Cézanne estudava cuidadosamente a disposição dos objetos que iria pintar. Nada era feito ao acaso. Nada era representado fora da sua intenção real. Ele aplicava a cor em grossas camadas e em pinceladas curtas, criando uma textura que enfatiza as formas geométricas. As maçãs, de forma esférica, são criadas com pinceladas regulares cuidadosamente arranjadas, paralelas, bem visíveis quando se olha a tela de perto.
Uma exposição na Filadélfia, nos Estados Unidos, está reunindo desde julho 23 obras de Paul Cézanne, apresentando uma variedade de temas, incluindo flores, caveiras e a marca do pintor: maçãs.
O local da mostra, o museu da Fundação Barnes, na Filadélfia, a duas horas de Nova York, é uma jóia única para os apreciadores da pintura impressionista francesa. Criado em 1922 pelo médico americano e colecionador Albert Barnes, o museu mudou-se para um prédio moderno e, além da coleção original, promove exposições como esta: “O mundo é uma maçã, as naturezas mortas de Paul Cézanne“. Para o curador da mostra, Benedict Leca, a maçã pode simbolizar muitas coisas: tanto o mundo quanto um átomo, mas acima de tudo, Cézanne via a si mesmo na fruta. “Cada maçã é um retrato de Cézanne“, ele diz.
Edith Blin (1891-1983) nasceu na região da Normandia, França e morreu no Rio de Janeiro. Pintora expressionista e autodidata, começou a pintar aos 52 anos, motivada a expressar seus sentimentos pelos horrores da Segunda Guerra Mundial. Conhecida como “a pintora da alma”, são dela as seguintes palavras: “Sobre a arte moderna, direi apenas que o assunto é por demais vasto e complexo para que possamos defini-lo. Não concebo na arte uma maneira de pintar, um estilo. Mas sim a maneira de sentir porque é a única maneira capaz de exprimir alguma coisa de real significado. Não há maneira de pintar, ela deve se diferenciar em cada obra. A tensão nervosa deve mudar segundo o tema a desenvolver. Esta é a minha opinião.”
Adepta da cartolina preta para suporte de suas obras, Edith pintou temas variados, mas seu foco principal era a figura humana. Nos anos 70, a artista produziu uma série de naturezas mortas, mas em sua grande maioria, ela introduzia rostos e mãos nas composições, que eram dotadas de uma grande dose de simbolismo, chegando até a serem quase místicas. Uvas (simbolizando o vinho) e trigo (simbolizando o pão), se misturavam a rostos doloridos, prostrados ou em estados de meditação.
Edith também gostava de misturar temas em suas criações. Por exemplo, pierrôs e naturezas mortas costumavam se complementar, em grandes e harmoniosas conversas de cores e formas.
Autor: Catherine Beltrão