Ave, índio!

O 19 de abril é o Dia do Índio. Desde 1943, três anos após os índios terem decidido participar do I Congresso Indigenista, no México.

Neste dia, hoje,  homenageio o índio representado por alguns artistas e um poeta. Debret, Victor Meirelles, Antonio Parreiras, Rodolfo Amoedo, Tarsila do Amaral, Carybé e Élon Brasil são os artistas. Gonçalves Dias, o poeta.

Indio_Debret

J.B. Debret (1778-1848): “O caçador de escravos”

Gonçalves Dias (1823-1864), o poeta nacional do Brasil, foi um grande expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como “indianismo“. Famoso por ter escrito o poema “Canção do Exílio” — um dos poemas mais conhecidos da literatura brasileira — escreveu também muitos poemas dedicados ao índio brasileiro. Um deles é a “Canção do Tamoio“.

Indio_Meirelles

Victor Meirelles (1832-1903): “Moema”

I

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

II

Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.

Indio_Amoedo

Rodolfo Amoedo (1857-1941): “Último Tamoio”

III

O forte, o covarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!

IV

Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!

Indio_Parreiras

Antônio Parreiras (1860-1937): “Iracema”

V

E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.

VI

Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D’imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d’ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.

Indio_Tarsila

Tarsila do Amaral (1886-1973): “O Batizado de Macunaíma”

VII

E a mão nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!

VIII

Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.

Indio_Carybe

Carybé (1911-1997): “Dois índios”

IX

E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.

X

As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.

Nascido em 1957, Élon Brasil, assim como Gonçalves Dias, também tem três sangues percorrendo suas veias: o índio, o negro e o branco.

Indio_Elon3

Élon Brasil (1957): “O iniciado Kraho”

Quanto a mim, eu me orgulho de ter sangue índio nas veias. É pouco, mas tem. Talvez isso justifique meu amor à terra e aos rios. Às árvores e à liberdade.

Autor: Catherine Beltrão

Comente