Centésimo post: a estrada da felicidade

E eis que chega o post de número 100. E agora, o que escrevo?

Pensei nos cem anos de Edith Piaf, um dos grandes ícones da França, que faria seu centenário este ano. Também pensei nos cem anos que  o nosso pequeno grande ator Grande Otelo completaria em 2015. E pensei naTeoria Geral da Relatividade,  do grande  Albert Einstein, publicada há cem anos.  Só neste parágrafo, usei quatro vezes a palavra “grande“.  Não vou mudar. Todos eles foram – e continuam sendo – grandes: Edith Piaf, Grande Otelo, Albert Einstein.

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Obras de Ligia Pape, Edith Blin e Ron Mueck.

Só que não. O tema deste centésimo post é a Felicidade. A felicidade em percorrer esta estrada de escritos. Sobre Arte e Ciência. Ou somente sobre Arte.

Desde o primeiro post, “A Arte faz bem” , publicado em 6 de fevereiro de 2014, até o de número 99, “Da série “Quase cinzas de uma obra permanente“: França livre“, publicado em 15 de maio de 2015, o blog foi sendo enriquecido com textos produzidos  por quem fica feliz em partilhar pedaços de sua trajetória ou de suas pesquisas. Neste primeiro lote de cem, a maior parte dos textos, a bem da verdade, é minha. Mas Eduardo Vieira também colocou algumas lindas pedras na estrada, como este seu post “Você já viu Ron Mueck no MAM – RJ?“.

Foi bom demais escrever sobre amigo(a)s artistas. Luiza Caetano, Lenagal, Chico Joy, Ronaldo Miranda.  “Luiza e Fernando, DNA de almas” para Luiza (entre outros posts), a excelência em arte naïve,  “Lenagal, o feminino pleno” para Lenagal, que pinta o infinito pleno das mulheres,  “Presépios de Chico Joy: um elo perdido na tradição natalina“, para Chico, o grande artesão artista, e “Feliz Aniversário, Ronaldo Miranda!“, para o Ronaldo, um dos maiores compositores brasileiros da atualidade. Sou realmente abençoada em ter estas lindas amizades…

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Obras de Luiza Caetano, Lenagal e Chico Joy. Foto de Ronaldo Miranda comigo e com Bibi Ferreira e Clara Nunes

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Obras de Ivan Blin, M. C. Escher e Leonardo da Vinci

Fico particularmente feliz quando escrevo posts juntando Arte e Ciência. Muitos me deram esta felicidade, como “Ciência pelo Caminho das Artes” (parte I e parte II), onde escrevo sobre a trajetória e a produção pictórica de meu pai, Ivan Blin, “Arte Anamórfica, um caso de micro versus macro?“, focando obras de Bernard Pras e os dois posts sobre Leonardo da Vinci, o maior de todos os que tomaram as rédeas da Ciência e da Arte: “O Homem Vitruviano e o n• Phi: a matemática da beleza” e a “Da Vinci: Monalisa, Homem Vitruviano, ornitóptero, CVT“.

Mas a relação da Ciência com a Arte é um caminho infindável para ser explorado. Também escrevi “O número Pi na Arte“,  apresentando trabalhos matemáticos com a arte de Mondrian, “Escher: mais Matemática na Arte” com trabalhos de aplicação da isometria na Arte  e “O Projeto Portinari e a Inteligência Artificial” e “Inteligência Artificial na Arte“, dois textos focando a IA, tendo Portinari, Mondrian e Kandinsky à frente da pesquisa.

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Obra Bernard Pras e estudos de Inteligência Artificial com obras de Mondrian

O blog ArtenaRede também está empenhado no resgate da obra de Edith Blin (1891-1983), pintora francesa que deixou um legado histórico e inestimável de pinturas realizadas em quatro décadas de produção. Além dos posts sobre as diversas fases e temas de sua obra, foi iniciada em fevereiro de 2015 a série “Quase cinzas de uma obra permanente“, cujo objetivo é a associação das obras que tiveram registro mediático na imprensa em várias épocas. Desde o início da série, foram publicados os posts “Carnaval e quase cinzas… de Edith Blin” (que deu início à série), “Da série Quase cinzas de uma obra permanente”: Piétà” (parte I e parte II), “Da série Quase cinzas de uma obra permanente”: Piétà“, “Da série Quase cinzas de uma obra permanente”: Marquesa“, “Da série Quase cinzas de uma obra permanente”: Junho 40” e “Da série Quase cinzas de uma obra permanente”: França livre“. Resgate de cinco obras. Por enquanto.

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Obras de Edith Blin, da série “Quase cinzas de uma obra permanente”

Nesta seleção feita entre os cem posts escritos, termino com  três deles, que chegaram bem perto, praticamente tocaram meu coração. O primeiro foi escrito em 25 de setembro de 2014, ao iniciar da primavera neste lado sul do Equador. Eu havia acabado de voltar de uma viagem à França, onde fui dispersar as cinzas de minha mãe, falecida dois meses antes. Nesta viagem, conheci os Jardins de Monet, em Giverny. Por 40 anos, esperei por este encontro. Ao retornar, escrevi o post “As flores de Giverny“.

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Obras de Monet, Beth Moon e Picasso

O segundo post, publicado em 7 de fevereiro de 2015, é “Lua eterniza árvores milenares” e fala sobre o projeto da fotógrafa Beth Moon, que resultou no livro “Ancient Trees: Portraits of Time” (Árvores Antigas: Retratos do Tempo”). São registros de árvores centenárias, algumas milenares, que teimam em existir ainda em vários países. Fiquei particularmente sensibilizada com o projeto pois, nesta época, ocorreu a destruição de parte da Catedral de Eucaliptos que existia na praça Getúlio Vargas no centro de Nova Friburgo, cidade onde moro no Rio de Janeiro.

E o terceiro post, bem mais recente, publicado em 8 de maio de 2015, homenageia as mães de todo(a)s nós, não importa quem sejamos. Escolhi fazer um buquê com as “Mães de Picasso“.

De vez em quando é muito bom fazer um balanço, uma retrospectiva. É um olhar pra trás construtivo, producente. Sobretudo se a gente caminha feliz pela estrada que escolheu. E se esta estrada está sendo pavimentada com pedras de Arte.

Autor: Catherine Beltrão

Comments(10)

  1. Responder
    Chico Joy says:

    Obrigado por sempre incentivar a arte, em todas as suas manifestações, incluindo o meu trabalho.
    Você foi e é muito importante na minha caminhada profissional, e fico feliz pelo sucesso do Blog Arte Na Rede!
    Sucesso sempre. Rumo ao 200º post!!

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Muito bom ter você por perto, aqui na cidade, e um monte de suas obras mais perto ainda, aqui dentro de casa e no jardim… elas povoam minha existência com lindas lembranças! E assim também deve ser para todos os felizardos que possuem suas obras, acredite! Vamos, sim, ao lote 2 dos próximos 100 posts…

  2. Responder
    Taissa says:

    Parabéns mamãe!
    Lindo ver tanto conteúdo e amor por um trabalho! A arte é o caminho da Felicidade, palavra tema desse post. Acho que a Felicidade realmente é a palavra que define vc e o blog… temos que procurar o que nos faz feliz, e é uma grande alegria ter pessoas como vc, que mostram essa alegria ao falar de arte e nos ajudam e ver e admirar cada arte de vida. Com vc aprendi desde pequena a valorizar cada obra de arte e expressão artística! Obrigada e muito outros post é o que desejo!

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Ui, filha linda, essas suas palavras, de tão bonitas, chegaram a doer… imagina sair de você um ser, você criar este ser, e um dia ele fala isso pra você! Tem coisa mais fantástica? Com certeza que não!
      Você acertou em cheio: ser feliz não é um objetivo e sim a caminhada. Precisamos ser felizes todos os dias. Os meus escritos sobre Arte neste blog me fazem feliz. Valeu, linda!

  3. Responder
    Annelise Gripp says:

    Minha amiga!

    É um prazer ler seus posts com tanta riqueza e sensibilidade, que só uma pessoa como você poderia transcrever, em palavras, obras tão magnificas.
    Jamais deixe de fazer esse trabalho, pois faz um bem enorme pra você e para nós também. Nos enche de orgulho por ainda termos esse tesouro de cultura.
    Que venha os 200 posta, exposições e muito trabalho pela frente.
    Conte comigo sempre!

    Parabéns! Bjks!

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Annelise, você realmente entende meu objetivo com estes escritos: compartilhar momentos de felicidade com quem quiser compartilhar. Fico feliz em escrever. Fico feliz em pesquisar. Fico feliz em tocar a sensibilidade das pessoas. Obrigadão, amiga!

  4. Responder
    Roberto Fonseca Vieira says:

    Catherine, em alguns momentos curtir não basta é preciso muito mais para dizer que esse é um trabalho p’ra lá de divino, sobretudo por ter apreciado, presencialmente, e ainda sentido a aflição do tempo e a conquista do espaço nesse mesmo tempo. Centésimo e por que não um dia o milésimo, e isso a história poderá contar. Maravilhoso!!!!. “Catherine, parfois jouissent pas juste prendre beaucoup plus de dire que ceci est un travail de P’ra divine là, surtout pour avoir apprécié en personne, et encore sentir l’affliction du temps et la conquête de l’espace dans le même temps. Centième et pourquoi pas un jour le millième, et que l’histoire peut dire”. Très manefique!!!!!

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Muito obrigada, Roberto! Você é realmente uma pessoa que abre picadas, capitaneia navios, carrega a bandeira de um projeto. É muito bom tê-lo como amigo e sempre por perto, mesmo que seja só no virtual. Merci, mon cher!

  5. Responder
    Roberto Fonseca Vieira says:

    Amiga, algum dia vc irá sem dúvida escrever e publicar esse que não é mais um projeto, mas uma realidade. Assim cabe um livro do qual me prontifico ajudar com uma Editora que sem com certeza se interessará. E com mais certeza, ainda, adianto a Ciência Moderna. Conte comigo e conte essa história. Eu apoio sempre, porque merece. “Ami, un jour u sera sans doute écrire et de publier un qui est plus un projet mais une réalité. Il est donc un livre qui prontifico me aider avec un éditeur que sans doute être intéressé. Et avec plus de certitude aussi aller de l’avant à la science moderne. Comptez sur moi et raconter cette histoire. Je soutiens toujours parce qu’ils méritent”.

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Roberto, quero sim publicar não só um, mas alguns livros sobre alguns projetos que pretendo desenvolver. O primeiro seria o catálogo de uma exposição retrospectiva de obras de Edith Blin, minha avó. Cerca de 150 obras, com muitos registros mediáticos de algumas delas, datados de mais de 70 anos atrás. Um verdadeiro tesouro! Estou reunindo tudo, e será feito um site do projeto: “Edith Blin, uma revolução francesa”, com o objetivo de viabilizar financeiramente o projeto, ou seja, captar recursos.
      Mas também pretendo escrever sobre a história do Museu ArtenaRede. Quem sabe para os 200 anos de Friburgo?…
      Meu amigo, obrigada por este apoio todo.

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