Dois beijos, sem contratos

Beijos não são contratos e presentes não são promessas“: frase de William Shakespeare (1564 – 1616), o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo.

Vi no Google que hoje, 6 de julho, é um Dia Internacional do  Beijo. O outro é o dia 13 de abril. Dois dias para comemorar o beijo… Tá certo. Afinal, até que esta comemoração faz sentido…

São muitos os artistas que representaram beijos: Toulouse Lautrec, Géricault, Edvard Munch, Marc Chagall, Fragonard e Renée Magritte estão entre os mais conhecidos. Mas resolvi, para este post do dia 6 de julho, apresentar somente dois beijos: o de Auguste Rodin e o de Gustav Klimt. Os textos a seguir, sobre cada uma das duas obras, foram extraídos da Internet.

Beijo - Rodin

“O beijo”, de Rodin. 1888/1889, mármore, 181,5 cm × 112.3 cm

O beijo” é uma escultura em mármore do artista realista francês Auguste Rodin (1840-1917) que está atualmente no Museu Rodin (Musée Rodin), em Paris.

O Beijo” originalmente tinha o nome “Francesca da Rimini”, pois descreve a nobre do século XIII italiano imortalizado no Inferno de Dante (Círculo 2, Canto 5) que se apaixona por Paolo, irmão mais novo do seu marido Giovanni Malatesta. Tendo-se apaixonado ao ler a história de Lancelot e Guinevere, o casal é descoberto e morto pelo marido de Francesca. Na escultura, o livro pode ser visto nas mãos de Paolo. Os lábios dos amantes não se tocam realmente na escultura, sugerindo-se que eles foram interrompidos quando da sua morte, sem seus lábios nunca terem sido tocados.

Quando os críticos viram pela primeira vez a escultura em 1887, sugeriram um titulo menos específico: Le Baiser (O Beijo).

Antes de criar a versão em mármore de “O Beijo”, Rodin produziu várias esculturas menores em barro, gesso e bronze. Uma versão de bronze da escultura (74cm de altura) foi enviada para uma exposição em 1893 em Chicago. A escultura foi considerada inadequada para a exibição em geral e relegada para uma câmara interna. Desde então, um grande número de moldes de bronze foram feitos. O Musée Rodin relata que a “Fundação Barbedienne” sozinha produziu 319 . De acordo com a lei francesa, decretada em 1978, apenas as primeiras doze podem ser chamadas de originais.

Beijo - Klimt

“O beijo”, de Klimt. 1907/1908, ost, 180 X 180cm

O beijo” é um quadro do pintor simbolista austríaco Gustav Klimt (1862 a 1918) sendo uma de suas obras mais conhecidas, graças a um elevado número de reproduções.

A obra pertence ao período designado de fase dourada da criação do autor e é representada por sinais característicos biológicos e psicológicos do sexo – as formas estão definidas por ornamentos retangulares (masculina) e arredondados (feminina).

A ornamentação (auréola) que envolve o casal é definida pelo contorno masculino com as suas costas, qualificado como “tipo torre” ou “campanulado”, simbolizando a masculinidade no pescoço forte do homem que impõe o movimento. É ele que, no abraço, segura a cabeça da mulher e vira-a a fim de beijá-la. A mulher, ao contrário, é representada de forma passiva – ajoelhada em frente ao homem – num gesto claro de subordinação.

A composição do quadro é antagônica e sugere mais de uma possibilidade de interpretação: por um lado evoca a felicidade da união erótica, por outro, questiona a identidade das duas pessoas e dos dois sexos. Para Gert Mattenklott (1942-2009), esse traço é recorrente nos desenhos de Klimt – “… mulheres em trajes longos, estreitos como cintas elásticas..”, escondem a “diferença feminina do corpo para simular o que lhes falta. Tornam-se símbolo daquilo que não têm: …um fetiche na câmara dos apetrechos dos prazeres.”

O quadro está exposto na Galeria Belvedere (Österreichische Galerie Belvedere) de Viena, Áustria.

Dois beijos – para mim, os mais significativos entre todos – de dois artistas, Rodin e Klimt, criados com vinte anos de diferença entre eles, há mais de um século. Duas obras fundamentais e absolutas. Representando um sentimento fundamental e não absoluto e que, por isso mesmo, não precisa de contrato. Como já dizia Shakespeare, há mais de quatro séculos.

 Autor: Catherine Beltrão

 

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