Junho 1940 – junho 2015: 75 anos da rendição da França aos nazistas

A Segunda Guerra Mundial – 1939 a 1945 – mobilizou cerca de 100 milhões de militares e foi o conflito mais letal da história da humanidade, resultando entre 50 a mais de 70 milhões de mortes. Seis anos de conflitos entre nações do mundo inteiro, representando uma das duas facções pilares desta guerra: os Aliados e o Eixo. Mas o ano de 1940 foi cruelmente especial para a França. A rendição oficial dos franceses ao domínio nazista se deu em 22 de junho de 1940 em Compiègne, no mesmo trem que a Alemanha, em 1918, ao final da Grande Guerra, fora forçada a se render.

Edith_Co-co-ri-co

“Co-co-ri-co”, de Edith Blin. 1942, osm, 27 X 22cm

Aqui no Brasil, uma francesa resolveu pintar sua angústia, dando vazão ao que sentia longe de sua pátria e de seus familiares, atingidos em cheio pelo conflito. Edith Blin (1891-1983) era normanda. Começou a pintar em 1941. Poucos meses se passaram e surgiu a obra “Co-co-ri-co“, um primeiro grito ecoando de sua alma francesa.

A Batalha de Dunquerque (Bataille de Dunkerque, em francês) foi uma batalha que durou de 25 de Maio a 4 de Junho de 1940. Uma enorme força britânica e francesa ficou encurralada por uma divisão panzer alemã a nordeste da França e entre o canal costeiro de Calais. Mais de 300 000 soldados aliados foram evacuados por via marítima.

Edith_Dunkerque

“Dunkerque!”, de Edith Blin. 1945, ost, 45 X 61cm

A Força Expedicionária Britânica foi evacuada no que ficou conhecido como a Batalha de Dunquerque na Operação Dínamo, e muitas unidades francesas juntaram-se à Resistência ou passaram ao lado dos Aliados.

Para Edith, Dunquerque abatida foi representada pelas flores caídas e desprendidas do galho que as sustentava. A dor da angústia em forma de poesia.

Após a Batalha de Dunquerque, vários episódios aconteceram em junho de 1940, envolvendo a ocupação progressiva de territórios franceses pelas forças alemães e italianas.

Edith_Paris

“Paris!”, de Edith Blin. 1944, ost, 64 X 53cm

A Itália declarou guerra à França em 10 de junho. Paris foi ocupada em 14 de junho, e o Governo Francês fugiu para Bordéus no mesmo dia.

Edith_Juin40

“Juin 1940”, de Edith Blin. 1943, ost, 100 X 65cm

Em 17 de junho, o Marechal Pétain anunciou publicamente que a França iria propor um armistício, que foi assinado pela França e a Alemanha em 22 de junho, quando se deu a rendição do Segundo Grupo do Exército Francês. O armistício entrou em vigor a 25 de junho.

Nas obras “Paris!” e “Juin 1940“, Edith Blin demonstra que a altivez da alma francesa, muito além de qualquer derrota ou rendição, estará sempre presente em cada cidadão remanescente. E através desta altivez, a França abatida irá se reerguer.

 A Resistência Francesa, chamada na França de La Résistance, designa o conjunto de movimentos e redes que durante a Segunda Guerra Mundial prosseguiu a luta contra o Eixo e os seus delegados colaboracionistas desde do armistício do 25 de Junho de 1940 até à Liberação em 1944. Seus membros eram conhecidos como partisans (partidários, em francês) ou maquisards.

Edith_Maquis

“Maquis”, de Edith Blin. 1945, osm, 41 X 33cm

Considerada sua obra-prima, o “Maquis” de Edith Blin é um hino à Resistência Francesa. O olhar deste homem jovem e sofrido transmite toda a determinação de seguir em frente até a libertação final da pátria à qual pertence.

Edith_Normandie

“Normandie!”, de Edith Blin. 1944, ost, 27 X 21cm

A Batalha da Normandia continua sendo uma das batalhas mais conhecidas da Segunda Guerra Mundial. Na língua comum, a expressão Dia D é usada até hoje para a data de começo da invasão, em 6 de Junho de 1944.

Ao lado, a obra “Normandie!“, de Edith Blin. Impossível não perceber o sentimento de liberdade que se desprende da pintura. Quando se compara os olhares nos rostos representados nas duas obras – “Co-co-ri-co” e “Normandie!” – existe um caminho trilhado de uma guerra em que milhões de vidas foram dizimadas, e que nem assim conseguiu tirar da alma francesa o sentimento genuíno de liberdade.

Edith Blin criou várias outras obras que constam da série “A Resistência Francesa“.  Para quem tiver interesse, vale acessar os links sobre as obras “Pietá” e “França livre“.

 Autor: Catherine Beltrão

Comments(2)

  1. Responder
    Roberto Fonseca Vieira says:

    Uma história de luta, paixão e amor por um país que jamais se rendeu ao Nazismo. Por isso La Liberté!!!!
    “Une histoire de la lutte, la passion et l’amour pour un pays qui n’a jamais cédé au nazisme. Donc, La Liberté !!!!” Vive La France.

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Pois é, Roberto, e como não divulgar ao mundo esta fantástica Edith Blin, que iniciou a pintura quando tinha mais de 50 anos, motivada pelas atrocidades que seu povo sofria com a Segunda Guerra Mundial? Enquanto eu viver, tenho esta tarefa como missão. E “Vive la France”!

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