Pintura e música. Abstracionismo e dodecafonismo. Kandinsky e Schoenberg, dois artistas que revolucionaram conceitos artísticos de seu tempo.
Wassily Kandinsky (1866-1944), foi professor da Bauhaus e introdutor da abstração no campo das artes visuais, no início do século XX. Apesar da origem russa, adquiriu a nacionalidade alemã em 1928 e a francesa em 1939.
Arnold Schoenberg (1874-1951), foi um compositor austríaco de música erudita e criador do dodecafonismo, um dos mais revolucionários e influentes estilos de composição do século XX.
O abstracionismo não representa objetos próprios da nossa realidade concreta exterior. Ao invés disso, usa as relações formais entre cores, linhas e superfícies para compor a realidade da obra, de uma maneira não representacional.
Há quem diga que Kandinsky inaugurou o abstracionismo no Ocidente, em 1910, com sua “Primeira Aquarela Abstrata”. Mas o que importa mesmo é que ele fundamentou, nos anos seguintes, a arte abstrata que viria a seguir, tendo desenvolvido esta arte até o final de sua vida. Junto a Piet Mondrian e Kasimir Malevich, Wassily Kandinsky faz parte do “trio sagrado” da abstração, sendo o mais famoso.
O dodecafonismo é um sistema de organização de alturas musicais: as 12 notas da escala cromática são tratadas como equivalentes, ou seja, sujeitas a uma relação ordenada e não hierárquica. Este sistema se contrapõe ao sistema tonal, baseado numa hierarquia entre as notas utilizadas, girando em torno de uma principal. A título de ilustração, são apresentadas aqui neste post duas composições de Schoenberg: um extrato do Concerto para piano, op. 42 com a solista Mitsuko Uchida tocando com a Rotterdams Philharmonisch Orkest, conduzida por Jeffrey Tate, e Seis pequenas peças para piano, op.19, executadas pelo pianista Michel Beroff.
O primeiro encontro entre o compositor Arnold Schoenberg e o artista plástico Wassily Kandinsky ocorreu em 14 de setembro de 1911; antes disso, no entanto, suas propostas artísticas já haviam se encontrado no início do ano, quando Kandinsky foi a um concerto em que cinco obras de Schoenberg foram executadas.
A partir disso, a influência recíproca é indiscutível: seus tratados teóricos “Harmonia” , escrito por Schoenberg e “Do espiritual na arte“, escrito por Kandinsky, são publicados no mesmo ano, o segundo inclusive citando ideais artísticos do compositor ao tratar de motivações criativas comuns a diferentes formas de arte. Suas propostas são semelhantes em vários aspectos, desde a configuração elementar segundo a qual as obras são desenvolvidas, passando por questões técnicas do tratamento do material até a compreensão do propósito do fazer artístico.
Para quem quiser saber (ver e ouvir) um pouco mais sobre este fantástico duo de artistas, vale a pena assistir este vídeo. São 58:30 de contemplação e introspecção.
Fonte: “Schoenberg e Kandinsky: promovendo a expansão d a pluralidade da produção artística do século XX (1911 – 1914)”, por Juliano Lamur – 2010.
Autor: Catherine Beltrão
Comment(1)
Juliano Lamur says:
23 de fevereiro de 2015 at 20:33Olá Catherine! Obrigado por ter lido e utilizado meu trabalho. Na época deste trabalho entrei em contato com um filho de Arnold Schoenberg e tive acesso inclusive a documentos manuscritos do compositor, cujos originais se encontram em Viena. Acredito que Schoenberg e Kandinsky talvez tenham sido as maiores mentes (e corações) na arte do século XX. Claro que foi um século repleto de artistas incríveis, mas a ruptura que esses dois promoveram foi algo talvez ainda sem paralelo na História da Arte. Parabéns pelo site!