Lenagal – HeLena Maria Galvão Amaral – nasceu em 1957, em São Miguel Açores. Isso mesmo, a maior das ilhas do arquipélago dos Açores e a maior de todas as ilhas integrantes do território de Portugal. Como ela própria diz em entrevista a José Neto, talvez tenha sido este fato – o distanciamento com a vida mundana da cidade grande e a consequente interiorização com suas necessidades e questionamentos – que a fez trilhar caminhos de várias manifestações artísticas. Desde criança Lenagal era fascinada pela Arte: dança, teatro, pintura. Começou desenhando rostos femininos a carvão e a lápis de cor. Autodidata, percorreu os caminhos do carvão ao pastel seco, das serigrafias à pintura acrílica.
Conheci a arte de Lenagal em 2002, quando doou uma obra sua ao Museu ArtenaRede. “Dor silenciosa” foi uma das primeiras obras doadas ao Museu. O trabalho é fantástico, extremamente forte, dilacerante. Os olhos fechados avistam uma dor interior intensa, do tamanho do campo que se perde no horizonte. A boca retorcida não sabe ou não precisa mais sorrir: tudo é angústia, tudo é sofrimento. Esta obra é muito significativa também pois foi a primeira doação que o Museu Artenarede recebeu de outro país, no caso Portugal.
O universo temático de Lenagal são as figuras femininas. Lenagal, o feminino pleno. Mas também pode ser Lenagal, o infinito pleno. Pois a mulher é o infinito. Um infinito de sentimentos, de sensações, de proposições. Não se sabe onde começa, onde termina. Só se consegue ver um pedaço (pequeno), entender uma parte (mínima).
Em maio de 2010, na sequência da série “A arte e a mente de… “, o filósofo José Neto fez uma entrevista com Lena Gal. Sobre a sua pintura, a artista diz:
“Eu não gosto de fazer bonecas. Gosto de dar vida, alma … e não sei se consigo. As vezes não sei como fazer. Então é uma luta muito grande comigo mesma.” Para ver a íntegra do vídeo, clique aqui.
Em junho de 2012, foi inaugurada a “Casa Lena Gal“, espaço contíguo à Câmara Municipal de Ribeira Grande, Açores. São 30 telas doadas pela artista ao município, representando uma amostra de sua alma e generosidade ímpares. Para se ter uma ideia do espaço, clique aqui.
Mais imagens/vídeos sobre o universo feminino de Lenagal: exposição “ A Senhora das Águas“, de janeiro a abril de 2013, no Centro de Exposições de Odivelas e “Retrospectiva de 25 anos de Pintura – Lena Gal“, em janeiro e fevereiro de 2013, na Galeria Municipal de Sintra.
Autor: Catherine Beltrão
Comments(2)
Lena Gal says:
9 de setembro de 2014 at 07:49querida Catherine Beltrão sinto uma alegria imensa em pertencer á Artenarede tantos anos já passaram, admiro seu trabalho em prol das artes e dos artistas ,estou grata pela sua homenagem para mim enquanto artista é um balsamo é um reconhecimento que me faz sentir que vale a pena continuar a criar obrigada meu grande abraço de amizade Lena Gal
Catherine Beltrão says:
10 de setembro de 2014 at 17:45Acabo de receber uma das mais belas obras que farão parte do Museu ArtenaRede! Com certeza, o mais belo presente que este blog me proporcionou desde sua criação, há sete meses! Agradeço você, do fundo do coração e da alma – se é que alma tem fundo… – por este seu gesto de doação de uma obra sua para o Museu. E que obra! Desde que eu vi esta imagem, foi paixão à primeira vista, tanto que fez parte deste post “Lena Gal, o feminino pleno”. Um grande e caloroso abraço, grande amiga e imensa artista!