Megaexposições, uma tendência

As megaexposições estão tomando conta das grandes cidades.  É uma constatação. Mas por que será?

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Ron Mueck

Em 2014, o eixo Rio-São Paulo apresentou quatro megaexposições em nobres espaços de arte: Ron Mueck no MAM/RJ e Pinacoteca/SP, Dali no CCBB-RJ e Instituto Tomie Ohtaque-ITO/SP e Miró na Caixa Cultural/RJ.

E 2015 mal começou e a mostra de Kandinsky já aparece no CCBB-RJ, após ter sido visitada por mais de 243.000 pessoas no espaço cultural do banco em Brasília .   Em abril, será a vez de Miró no ITO/SP.

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Salvador Dali

Todas estas exposições atraíram centenas de milhares de visitantes. Com certeza, não se trata de preferências de estilos ou de movimentos artísticos. Salvador Dali (1904-1986) e Joan Miró (1893-1983) representam o Surrealismo. Wassily Kandinsky (1866-1944) é o maior nome do Abstracionismo e Ron Mueck ( 1958) atrai multidões com suas figuras hiperrealistas.

O que faria 978.000 pessoas, só na exposição do Rio, enfrentarem horas na fila, para ver algumas obras do Dali? E o que encanta as nove obras de Ron Mueck, apresentadas nas mostras do Rio e São Paulo, para as mais de 600.000, que também enfrentaram horas de espera, embaixo de sol e chuva? Seriam amantes da Arte? Seriam fãs incondicionais dos artistas? Óbvio que não. A grande maioria, definitivamente, não.

Megaexpo_Miro

Joan Miró

Uma rápida pesquisa junto aos enfileirados, pode responder à pergunta: “Um(a) amigo(a) já veio ver a exposição, gostou e …  vim conferir“; “Talvez eu não tenha outra oportunidade…”. Estas respostas são fantásticas! Demonstram que existe uma curiosidade latente, uma vontade de absorver cultura, que é o que move grande parte dos que viajam para o exterior, à cata de museus, renomados ou não.

Megaexpo_Kandinsky

Wassily Kandinsky

Mas, infelizmente, existem também os que enfrentam a tal fila e, lá dentro do espaço, não são capazes de admirar obra alguma, tão estressados e ocupados estão em tirar fotos e selfies, com ou sem pau, para postar nas redes sociais… uma lástima!

Que venham mais exposições, mega ou mini, em espaços nobres ou não. Precisamos de arte!

Autor: Catherine Beltrão

Comments(2)

  1. Responder
    Kíssila Muzy de Souza Mello says:

    Vi exatamente isso na Pinacoteca. Em vez de admirar as peças do Ron Mueck a maioria das pessoas passava rapidamente por cada uma apenas para fazer as tais selfies. Não dá pra perceber os detalhes com pressa. E não adianta fotografar para ver depois com calma, porque a experiência de estar ali em meio ao conjunto é única.

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      É realmente lamentável esta atitude de ilusão/ignorância dupla: primeiro, como você diz, a ilusão de que uma foto vai substituir um olhar direto. Não vai. Depois, a ilusão de se mostrar ao mundo, no lugar de absorver o mundo. É ser bastante medíocre querer somente se mostrar, ao invés de absorver.
      Valeu, Kíssila!

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