Memórias de bronze (Parte II)

É sabido que a cidade do Rio de Janeiro apresenta mais de 700 estátuas. Saindo da orla marítima da cidade do Rio de Janeiro, e tendo por base homenagens a personagens artísticos da segunda metade do século XX, vale a pena destacar mais seis estátuas de bronze.

Estatua_Noel

Noel Rosa, por Joás Pereira Passos

Noel Rosa (1910-1927) foi sambista, cantor, compositor, bandolinista e violonista, sendo considerado um dos maiores e mais importantes artistas da música no Brasil. A estátua de Noel Rosa, realizada pelo escultor Joás Pereira Passos, foi inaugurada no dia 22 de março em 1996, na entrada de Vila Isabel. Ele aparece sentado numa cadeira de bar, com seu habitual cigarro entre os dedos, uma garrafa de cerveja e um copo sobre a mesa. Ao lado dele, uma cadeira vazia, convidando o visitante a sentar-se para uma foto. Em pé, o garçom serve Noel. Sobre a mesa está uma lauda, também em bronze, com a letra do samba “Conversa de Botequim“:   Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa: uma boa média que não seja requentada, um pão bem quente com manteiga à beça…

Estatua_RenatoRusso

Renato Russo, por Ique.

Renato Russo (1960-1996), o maior ídolo do rock brasileiro, teve sua estátua inaugurada em 20.07.2012, na Estrada do Galeão. O monumento de bronze está instalado sobre um palco de granito de dois metros de diâmetro e é assinado pelo artista Ique: “Com o Renato Russo o trabalho foi particularmente mais difícil por conta do pouco registro fotográfico com qualidade técnica e resolução disponíveis, que me fornecessem informações anatômicas relevantes. Pro desafio ser ainda maior eu me permiti ousar um pouco mais, não fazendo um retrato convencional. Depois de muito estudo das imagens e vídeos que tinha comigo, decidi que faria a fisionomia do astro pop enquanto interpretava suas canções. Que era o momento onde ele mostrava toda sua força, seu carisma e sua arte completamente“.

Estatua_TimMaia

Tim Maia, por Christina Motta

Tim Maia (1942-1998) foi o responsável pela introdução do estilo soul na música popular brasileira e é reconhecido mundialmente como um dos maiores ícones da música no Brasil. A estátua de Tim Maia, inaugurada em 19 de junho de 2015, está localizada na Praça Afonso Pena, na Tijuca, e parece abraçar um fã, enquanto canta. De autoria da escultora Christina Motta, ela usou entrevistas e dezenas de show do polêmico cantor e compositor para se  inspirar.

Estatua_Pixinguinha

Pixinguinha, por Otto Dumovich.

Alfredo da Rocha Viana Filho (1897-1973 ) – o “Pixinguinha” – foi um flautista, saxofonista, compositor, instrumentista e arranjador musical. O autor de “Carinhoso” é considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, e um dos que mais contribuiu para o amadurecimento e estabilidade do “choro” no cenário musical do país. Localizada na Travessa do Ouvidor, no centro do Rio de Janeiro, a obra é de autoria do escultor Otto Dumovich e foi baseada na foto de um famoso ensaio de Pixinguinha fez em Nova York em 1969.

Estatua_Braguinha

Braguinha, por Otto Dumovich

Carlos Alberto Ferreira Braga (1907-2006), o Braguinha, é um dos grandes nomes da época de ouro do carnaval carioca. Autor de inúmeras marchinhas de carnaval como “Balancê“, “Yes, nos temos banana“, “Pirata da perna de pau“, “Chiquita bacana“, entre outras, teve sua estátua inaugurada em 19.02.2004,  localizada bem na entrada de Copacabana, entre a av. Princesa Isabel e o início da rua  Barata Ribeiro. O autor é o escultor Otto Dumovich, o mesmo que criou as estátuas de Pixinguinha e de Dorival Caymmi.

Estatua_Chacrinha

Chacrinha, por Ique.

José Abelardo Barbosa de Medeiros (1917-1988), mais conhecido como Chacrinha, foi talvez o maior comunicador de televisão do Brasil, apresentador de programas de auditório de enorme sucesso da década de 1950 a 1980. Inaugurada em 7 de novembro de 2010, a estátua está localizada no Jardim Botânico e é de autoria do escultor Ique. O monumento mostra o apresentador vestindo gravata borboleta e com uma buzina pendurada no pescoço, além de carregar um microfone e uma peça de bacalhau.

Cabe aqui uma menção de tristeza e vergonha: embora muito recentes, quase todas as 13 estátuas citadas nestes dois posts “Memórias de bronze” já foram vítimas de vandalismo. Pergunta óbvia: O que faz alguém destruir ou pichar uma obra de arte pública? Mas eu ainda prefiro a pergunta: o que faria alguém deixar de destruir ou pichar uma obra de arte pública?

 Autor: Catherine Beltrão

 

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