Píndaro Castelo Branco nasceu no Piauí, em 1930. Sobre sua pintura, escreveu o crítico Antônio Bento, nos anos 60: “Reflete sua visão pessimista ou dramática do homem e da própria sociedade, cujos conflitos ou angústias são agora o tema principal de sua pintura expressionista”.
Conheci a pintura do Píndaro na década de 70, através do marchand Cláudio Gil. Lembro da sensação que tive ao me deparar pela primeira vez com aqueles rostos triangulares, prismas refletindo o drama e o sofrimento de seres como nós, simples terrestres. As cores nas telas eram poucas e sombrias – ocre, verde oliva, vinho, preto – mas provocaram variadas sensações multicores em minha alma, que permanecem indeléveis desde então, feito tatuagem. Neste primeiro momento, comprei a obra “Electra”.
Alguns anos se passaram e fui conhecer o atelier do pintor. Logo ao entrar, uma obra se apossou de mim: “Submersão”. Esta obra era do seu acervo particular. Isso significava que não estava à venda. Mesmo assim, ousei perguntar qual valor a obra poderia custar. Ouvi um preço bastante alto, sobretudo para o meu padrão de renda na época. Não hesitei. Fiz a oferta. Após instantes de apreensão e ansiedade mútuas, eu havia comprado a obra, submersa em intensa felicidade. Uma verdadeira conquista!
Nos anos que se sucederam, várias outras obras do Píndaro foram sendo penduradas em minhas paredes, adquiridas em exposições, como as da saudosa Galeria Bonino, em Copacabana, ou em seu próprio atelier. As cores já se faziam mais presentes, sem destituir o efeito dramático das figuras produzidas. Em 1982, promovi uma exposição dupla no IMPA-Instituto de Matemática Pura e Aplicada, no Rio de Janeiro, com obras do Píndaro e de meu pai, Ivan Beltrão.
São poucos os artistas que reúnem técnica apurada, estilo próprio e dramaticidade à flor da pele. Píndaro Castelo Branco é um deles. Afortunadas são as pessoas que se aproximam de Píndaro e de sua obra. Eu sou uma delas.
Autor: Catherine Beltrão
Comments(2)
Luis Paulo Lopes says:
8 de maio de 2016 at 14:42Pintura impactante que parece sair do funda da alma. Píndaro é desta cidade de Floriano,PI., de onde é enviada este comentário. Aqui existe a Fundação “Floriano Club” que, neste anos, em julho próximo, lançará um livros sobre personalidades locais, onde está incluído esse tão ilustre pintor e filho. Saiu daqui muito moço, para conquistar o munda da pintura e da arte.
Catherine Beltrão says:
22 de maio de 2016 at 01:48Luis Paulo, conheci Píndaro Castelo Branco nos anos 80, quando tive o privilégio de adquirir algumas de suas obras, algumas na extinta Galeria Bonino, situada em Copacabana/RJ e outras diretamente em seu atelier. Assim que conheci o trabalho do Píndaro, me apaixonei perdidamente pela sua obra. Fico muito feliz em saber deste projeto sobre o lançamento dos livros de personalidades da cidade de Floriano. Não deixe de me informar quando ocorrerá o lançamento do livro de Píndaro Castelo Branco. Um abraço!