Pinturas históricas: Independência, Liberdade e Indignação

O 7 de setembro é uma data histórica para o Brasil. Dia que marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política do país. Dia em que se comemora a Independência do Brasil.  Aí pensei na obra de Pedro Américo, “O Grito do Ipiranga“. Mas logo me vieram à cabeça mais duas obras históricas, de extrema importância: “A Liberdade Guiando o Povo“, de Eugène Delacroix e “Guernica“, de Pablo Picasso. É sobre estas três obras que escrevo este post. Independência, Liberdade e Indignação.

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“O Grito do Ipiranga”, de Pedro Américo. 1888, ost, 415 X 760cm

A obra “O Grito do Ipiranga” foi encomendada ao pintor paraibano Pedro Américo (1843-1905) pelo governo de D. Pedro II para exaltar D. Pedro I e rememorar o nascimento da nação e do Império Brasileiro.

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Pedro Américo

De dimensões monumentais, a tela impressiona pela pujança garbosa da cena, ostentando imponentes cavalos e vistosos personagens da Guarda Imperial, todos ao redor da figura central, o herói e jovem guerreiro D. Pedro empunhando a espada e gritando “Independência ou Morte!”. Mas basta estudar um pouco a história brasileira e saber que nunca existiu esta cena de fato. Os cavalos, na verdade, eram jumentos e mulas. À época, a Guarda Imperial não existia. E a parada de D. Pedro às margens do Ipiranga se deveu aos problemas intestinais que precisavam ser rapidamente resolvidos. Mas era preciso deixar um registro épico da importância do momento. E isto foi feito através desta magnífica obra de Pedro Américo. Não importa se totalmente fidedigna. Isto é detalhe. Para saber um pouco mais sobre esta obra, clique aqui.

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“A Liberdade Guiando o Povo”, de Eugène Delacroix. 1830, ost, 260 X 325cm

“A Liberdade Guiando o Povo” (“La Liberté guidant le peuple”) é uma pintura de Eugène Delacroix em comemoração à Revolução de Julho de 1830, com a queda de Carlos X.

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Eugène Delacroix

Eugène Delacroix (1799-1863) é considerado o mais importante representante do romantismo francês. Numa carta ao seu irmão de 12 de outubro de 1830, época em que pintou a obra, ele escreveu: “O meu mau humor está desaparecendo graças ao trabalho árduo. Embarquei num tema moderno – a barricada. Mesmo que não tivesse lutado pelo meu país, pelo menos pinto-a“.  Na obra, a Liberdade pode ser vista tanto como figura alegórica de uma deusa como uma mulher robusta do povo. A bandeira francesa empunhada nas mãos de uma liberdade determinada, impressiona até hoje os que dedicam alguns minutos a contemplar esta fantástica tela. Para quem quiser uma análise mais profunda desta obra, vale a pena acessar este vídeo (em francês).

Como curiosidade, a pintura inspirou a Estátua da Liberdade, em Nova York, que foi dado para os Estados Unidos como um presente dos franceses, 50 anos depois do quadro ter sido pintado…

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“Guernica”, de Pablo Picasso. 1937, painel a óleo, 349 cm X 776 cm

Guernica” é um painel pintado por Pablo Picasso em 1937 por ocasião da Exposição Internacional de Paris. Foi exposto no pavilhão da República Espanhola.

Picasso

Pablo Picasso

Pablo Picasso (1881-1973) fez esta obra profundamente indignado com a barbárie ocorrida pelo bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica por aviões nazistas, em 26 de abril de 1937, apoiando o ditador Francisco Franco. O desejo do artista era despertar nas pessoas que apreciariam a pintura o repúdio à guerra. A pintura, feita em estilo cubista e utilizando somente as cores preto, branco e tons de cinza,  remetem à morte, à guerra e à destruição. Mas, por outro lado,  algumas figuras como o touro, a flor e a lamparina traduzem alguma esperança nos dias que virão.

A obra permaneceu muito tempo em Paris. Picasso pediu que o quadro só voltasse à Espanha quando o país novamente fosse uma democracia. Hoje “Guernica” encontra-se no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri.

Neste ano de 2015, os esboços e desenhos que levaram à produção, em menos de dois meses, do painel gigante “Guernica” estiveram presentes na megaexposição “Picasso e a Modernidade Espanhola“, realizada no CCBB de São Paulo e, mais recentemente, do Rio de Janeiro.

Autor: Catherine Beltrão

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