São Francisco de Assis (1182 – 1226), fundador da ordem dos Franciscanos, é talvez a maior figura do cristianismo depois de Jesus. Alguns estudiosos afirmam que sua visão positiva da natureza e do homem, que impregnou a imaginação de toda a sociedade de sua época, foi uma das forças que nortearam a formação da filosofia da Renascença.
São Francisco foi intensamente representado em obras de grandes mestres da pintura. Neste post, selecionei apenas dois: Giotto e Portinari.
Giotto di Bondone (1267 – 1337) foi um pintor e arquiteto italiano, maior nome da pintura gótica. Introdutor da perspectiva na pintura da época, Giotto é considerado o precursor da pintura renascentista. A característica principal do seu trabalho é a identificação da figura dos santos como seres humanos de aparência comum. Esses santos com ar humanizado eram os mais importantes das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura. Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até o Renascimento.
Vinte e oito afrescos de Giotto ornamentam as paredes da Basílica de São Francisco de Assis, construída entre 1228 e 1230. Patrimônio da Humanidade deste 2000, o artista reconstruiu os maiores eventos da vida de São Francisco. Executados entre 1296 e 1304, os afrescos são vívidos, como se Giotto tivesse sido uma testemunha ocular da história.
Quase setecentos anos mais tarde, surgem os São Franciscos de Cândido Portinari (1903 – 1962). Maior nome do modernismo brasileiro e também pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional, Portinari retratou como ninguém as questões sociais do país.
Portinari criou também grandes obras de tema religioso, como os 14 painéis da “Via Sacra”, que ornamentam as paredes da Igreja de São Francisco de Assis da Pampulha, em Belo Horizonte. Nesta igreja, São Francisco, o santo preferido de Portinari, está representado no altar principal e no grande mural de azulejos, exibido em sua parede frontal externa.
Dinah Silveira de Queiroz, grande romancista e cronista, escreveu, logo após a morte de Portinari, em 1962: “… dizia-se materialista, mas os santos, decerto, não acreditavam. Quem pintou aquela maravilhosa Pampulha, quem tinha o dom de transmitir o místico num São Francisco, quem exprimiu, como só Candinho fez, a tortura e a vocação da santidade, em suas figuras, muito rezou através de seus pincéis…”
A propósito, 4 de outubro é dia de São Francisco de Assis.
Autor: Catherine Beltrão
Comments(3)
Eduardo Vieira says:
7 de outubro de 2014 at 13:53A vida de São Francisco de Assis é inspiradora. Como os textos e as belas pinturas que o permeiam. Informações tão generosas que compactuam do espirito de caridade presente na vida de Francisco de Assis. Obrigado, Catherine!
Germana Portella says:
3 de outubro de 2016 at 01:45Catherine
Fiquei muito feliz ao encontrar seu site.
Sou curadora de Artes Visuais e pesquiso sobre S.francisco para futura exposição.
Amei o título “S.Francisco-de Giotto a Portinari” Posso dar esse nome à exposição?
Muito grata.
Germana Portella
Catherine Beltrão says:
4 de outubro de 2016 at 00:00Germana, fico feliz por você ter chegado a este espaço. E muito lisonjeada com sua pergunta. Claro que você pode usar este título para nomear a exposição sobre São Francisco. Mande notícias quando estiver acontecendo. Um abraço!
Catherine Beltrão