Um ícone cultural: ecos de “O Grito”

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“O Grito”, de Edvard Munch. 1893, Óleo sobre tela, Têmpera e Pastel sobre cartão. Galeria Nacional, Oslo.

A obra “O Grito” de Edvard Munch (1863 – 1944), possui quatro versões, pintadas de 1893 a 1895. A mais célebre data de 1893, tendo como plano de fundo a doca de Oslofjord, em Oslo, na Noruega, em pleno pôr do sol. A obra é uma das mais importantes do movimento expressionista.

Sobre ela, Munch escreveu em um diário: “Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta– havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade e senti o grito infinito da Natureza”.

Algumas obras, não se sabe exatamente por quê, tornam-se ícones culturais. São reproduzidas ao infinito, sofrem centenas de releituras, servem de base para vários projetos. É o caso desta obra.

Baseado em “O Grito“, Sebastian Cosor realizou um magnifico curta-metragem de animação 3D, intitulado “The Scream“, com música de Pink Floyd –  “The great gig in the sky“.

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Vídeo “The Scream”, de Sebastian Cosor. Duração: 3:23

 

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Bernard Pras – reformação da obra “O Grito”, de Edvard Munch

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Releitura de “O Grito”, por Omid Asadi.

Uma releitura fantástica desta obra foi a realizada pelo francês Bernard Pras (1952), representante da arte anamórfica, baseada no conceito de anamorfose, que se refere ao retorno, à reiteração e à reversão da forma.  Com fios, cabos, canos, cadeiras, tesouras, bichos, personagens e carrinhos de plástico, ele transforma sucata em obra de arte.

Outra releitura da obra “O Grito” é o delicado trabalho do artista iraniano Omid Asadi, feito através de cortes na textura de folhas secas. Em seu site, há uma citação anônima: “Qualquer um pode amar uma rosa, mas é preciso um tempo para se amar uma folha. É comum se amar o belo mas é belo se amar o que é comum.

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Releitura de “O Grito”, por Ida Skivenes

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Releitura de “O Grito”, por Maria Aristidou

Também existe um sem número de criações realizadas mesclando arte e comida: é a food art. Entre as que mais gostei, selecionei os projetos “The art toast“, realizada por Ida Skivenes, uma artista norueguesa e o “Art on cakes“, da grega Maria Aristidou. Seja em torradas, seja em bolos, a arte original de Munch – entre outros gigantes como Picasso, Van Gogh e Da Vinci – é transformada em puro prazer degustativo, associado ao olhar preliminar de admiração.

Três da quatro versões da obra “O Grito” estão em museus na Noruega, enquanto a quarta estava nas mãos de Petter Olsen, um empresário norueguês cujo pai foi amigo e patrono de Munch, tendo adquirido inúmeros quadros ao artista.

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Quarta versão de “O Grito”, de Edvard Munch. 1895.

Nesta quarta versão, de 1895, as cores são mais fortes do que nas outras três versões e é a única em que a moldura foi pintada pelo artista com o poema que descreve uma caminhada ao pôr-do-sol que inspirou a pintura. Outra particularidade única desta versão é que uma das figuras que está em segundo plano olha para baixo, para a cidade.

Em 2 de Maio de 2012 esta versão foi vendida pelo preço recorde de 119,9 milhões de dólares, tornando-se a obra mais cara em leilão, até aquela data, superando o quadro até então recordista, de Pablo Picasso, “Nu, Folhas e Busto“, que em maio de 2010 foi leiloado por 106,5 milhões de dólares .

O Grito“, de Edvard Munch, da mesma forma que “Monalisa“, de Leonardo da Vinci, são obras definitivas que, à medida que o tempo passa, povoam o consciente de mais e mais pessoas, a ponto de ecoarem eternamente em nosso inconsciente coletivo.

 Autor: Catherine Beltrão

Comment(1)

  1. Responder
    Eduardo Vieira says:

    Não sabia que existiam outras versões dessa fantástica e significativa obra, tão representativa de nossa histeria atual.

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