A lágrima de Nélida

Nélida Piñon é a vencedora do Prêmio Jabuti de 2020, na categoria Crônicas, com o livro “Uma Furtiva Lágrima” (Record, 2019).

Li este magnífico livro de Nélida Piñon no ano passado e tive o privilégio de preparar e apresentar uma palestra sobre algumas das menções artísticas constantes no livro.

Entre essas diversas referências, encontramos as dedicadas ao pintor Diego Velasquez a ao Museu do Prado.

Diego Velázquez (1599-1660) foi um pintor espanhol do período barroco. O retrato do Papa Inocêncio X, feito a óleo sobre tela, foi executado por Velázquez durante uma viagem à Itália por volta de 1650. Muitos artistas e críticos de arte o consideram o melhor retrato já criado.

No capítulo “Velázquez e o Papa”, escreve Nélida: “Em Paris, no Grand Palais, defronto-me uma vez mais com Inocêncio X, a figura que a humanidade deve a Velázquez.
(…) Posou para Velázquez no ano de 1650, com 76 anos. Apesar da proximidade física havida entre eles, o espanhol só lhe dirigia palavras protocolares. O papa, imerso em si mesmo, nada falava ao pintor...”

Neste mesmo capítulo, continua Nélida:

Outro exemplo de sua rara sutileza social está na tela ‘A rendição de Breda’, quando Spinola, em gesto compassivo, toca o ombro do vencido Nassau, no intento de minimizar a humilhação que padecia na iminência de entregar as chaves da cidade.

O pintor, regressando à Madri, prosseguiu com sua obra, que fui encontrar no Museu do Prado, menina ainda, quando me iniciei, em meio ao assombro, nos tormentos circunscritos à arte.

O Museu do Prado é o mais importante museu da Espanha e um dos mais importantes do mundo. Apresentando belas e preciosas obras de arte, o museu localiza-se em Madri e foi inaugurado somente em 1819, após muitos anos de construção e interrupções.

Um dos mais belos livros que já passou em minha vida, mesclando Arte, Literatura, Filosofia, cultura e genialidade.”Uma Furtiva Lágrima” não merece só um Jabuti… Merece, no mínimo, dez Jabutis!

Catherine Beltrão

Comente