Arte privada

Tudo começou com Duchamp – pintor, escultor e poeta francês – quando, em 1917, ele encarou a sociedade com a sua “Fonte“, desafiando a definição de Arte. Muito tempo depois, vieram van Schijndel, com o “Beijo” e Sorensen com a exposição “O Chamado da Natureza“. E as privadas continuam, cada vez mais, se aproximando da Arte.

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“Fonte”, de Marcel Duchamp

O objeto é um urinol de porcelana branco, considerado uma das obras mais representativas do dadaísmo na França. Em 2004, quinhentos especialistas consideraram “Fonte”  a obra de arte mais influente de todos os tempos, concorrendo com “Les Demoiselles d’Avignon” (Picasso/1907), que ficou em segundo lugar, e com o “Díptico Marilyn” (Andy Warhol/1962), em terceiro.

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“Beijo”, de Meike van Schijndel

Em 2004, a jovem designer holandesa Meike Van Schijndel criou o urinol “Beijo“. A forma “artística” do vaso “Beijo” tem criado muitos problemas com organizações de mulheres por onde é instalado. Em sua defesa, a criadora explica que, embora seja “sexy”, o urinol não foi inspirado de uma boca de mulher mas de um desenho animado.

Em 2005, Clark Sorensen fez uma exposição intitulada “Chamado da Natureza“. Nessa exposição, o artista americano Sorensen apresentou vários urinóis, com formatos de flores diversas: orquídeas, hibiscos, antúrios, lírios, tulipas.  Ele justifica a escolha das flores como tema: “A flor tornou-se a forma que finalmente escolhi, em parte porque adoro flores e por outro lado é a contradição perfeita – pegar um objeto mundano, até mesmo feio e transformá-lo em algo diferente, algo bonito.”

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Urinóis, de Clark Sorensen

 

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Vaso “Game of Thrones”, de Tim Baker

O trono de um filme também pode chegar ao banheiro. “Game of Thrones” é uma febre mundial e um fenômeno pop. O designer Tim Baker, de Los Angeles, criou para o superfã da série, John Giovanazzi,  no banheiro do seu bar Complex, em Glendale, um vaso sanitário à “Game of Thrones“.  O trono de ferro sanitário foi construído com mais de 250 espadas feitas de madeira compensada coberta com resina, mas sem nenhuma ponta perto do assento para não machucar. E ainda tem lugar para apoiar o papel higiênico…

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O vaso “The Royal Data Throne”, da PCB Creations

O pessoal da PCB Creations, especialista em criar objetos de arte e esculturas com peças de computadores, como chips e placas-mãe, costuma criar objetos tão inusitados como sapatos, flores e aranhas. E por que não construir um vaso sanitário usando estes materiais? Apesar de existirem vários possíveis nomes para a empreitada, o objeto foi batizado pelos seus criadores de “The Royal Data Throne”, algo como “o trono de dados da realeza”. Segundo eles, não passa de um lugar onde as informações podem ser “eliminadas”.

Mas quem quiser se sentir o rei do pedaço deve visitar o banheiro do Museu Guggenheim de Nova York. Recentemente,  o local ganhou uma privada de ouro.

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O trono de ouro, de Maurizio Cattelan

A obra do artista italiano Maurizio Cattelan foi feita com ouro 18 quilates. Os visitantes que passarem pelo Guggenheim Museum terão a chance de se sentar em um trono de ouro, literalmente.

Arte privada. Arte em privadas. Em qualquer manifestação de Arte, é preciso refletir. Seja observando, seja em seu uso.

 Autor: Catherine Beltrão

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