Hipátia: do fogo às estrelas

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Hipatia

Hipatia (370 – 415) foi a primeira filósofa, astrônoma e matemática da História. Nascida em Alexandria, foi criada por seu pai Teon, pois sua mãe morrera enquanto ela ainda era bebê. Professor universitário de matemática e importante astrônomo, ele supervisionou todos os aspectos da educação de Hipatia. Ela estudava matemática, ciência, literatura, filosofia e artes, além de praticar diariamente exercícios físicos.

Hipátia sustentava a vida cultural e intelectual de Alexandria. Tanto isso é verdade que, logo após a sua morte, a cidade entra em declínio.  Quando a  rica Biblioteca de Alexandria, já parcialmente destruída, foi incendiada (existem pelo menos três versões diferentes para este episódio histórico), obras de arte, livros, desenhos e instrumentos musicais se perdem. Inclusive os textos de Hipátia. Assim, quase tudo o que se sabe hoje sobre ela vem das cartas que escreveu para um de seus alunos.

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Vista parcial da Sala da Assinatura no Vaticano: Parnasus (Poesia) na meia-lua da esquerda e A Escola de Atenas (Filosofia) na meia-lua da direita

 

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Detalhe de “A Escola de Atenas”, por Rafael (1483-1520). No primeiro plano à esquerda, um rapaz segura a tábua da harmonia musical diante de Pitágoras. Ao centro, Hipátia de Alexandria e Parmênides.

Relatos de alunos como Hesíquio, o hebreu, a descreviam como uma mulher que fazia questão de transmitir seus conhecimentos andando pela cidade com um manto que é comumente utilizado pelos filósofos. Explicava para o povo, escritos de Platão, Aristóteles e qualquer outro filósofo que alguém a questionasse.

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“Hipátia”, detalhe da “Escola de Atenas”, de Rafael

Hipátia lutava pelo pensamento livre numa época em que o Cristianismo tornava-se cada vez mais forte sobre o Paganismo em Alexandria, e as pessoas que tivessem pensamentos opostos, eram considerados hereges e perseguidos. Sua vida ainda estava a salvo no período em que seu ex-aluno Orestes, foi prefeito. Mas quando Cirilo se tornou o novo bispo da cidade, o movimento pagão foi reprimido violentamente e Hipátia, condenada a morte.

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“Hypathia”, de Howard Roberts. Academia de Belas Artes da Pensilvânia, USA

Quando voltava para casa em sua carruagem, numa tarde de 415 D.C, foi retirada a força por uma multidão de cristãos furiosos que a arrastaram para a Igreja. Chegando lá, foi brutalmente despida e esquartejada a sangue frio com cascas de ostras, desmembrando os membros do seu corpo a cada novo golpe, sendo depois jogados ao fogo, sem piedade.

Hipatia foi assassinada no dia 8 de março de 415. Hoje, 8 de março, no Dia Internacional da Mulher, vale registrar esta frase de Hipátia, de mais de 1.500 anos:

“Reserve o seu direito de pensar. Pensar errado, é melhor do que não pensar.”

Ao olharmos para o céu, à noite, vemos estrelas. Mas será que elas ainda estão lá?

Autor: Catherine Beltrão

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