Vincent Van Gogh (1853-1890) pintou “A Noite Estrelada” em 1889. Tinha 36 anos e no ano seguinte iria dar fim a uma vida turbulenta como as obras que criou. Obra de um dos artistas mais valorizados da atualidade, “A Noite Estrelada“, cada vez mais, serve de roteiro para estudos e projetos científicos e tecnológicos, transcendendo a trajetória de uma obra de arte, por mais famosa que seja.
Recentemente, a microbióloga americana Melanie Sullivan recriou “A Noite Estrelada” com colônias de bactérias em cinco placas de Petri. Esta recriação participou do primeiro concurso de “Agar Art”, promovido pela Sociedade Americana de Microbiologia. Agar é uma substância que as bactérias comem para se desenvolverem. Melanie usou vários tipos de bactérias para produzir as diversas cores, incluindo bactérias causadoras de infecções como pneumonia e meningite.
Como parte da comemoração dos 125 anos da morte de Van Gogh, o artista Daan Roosegaarde projetou a ciclovia Van Gogh-Roosegard, que integra a rota ciclística Van Gogh na província de Noord-Brabant, na Holanda. O desenho da ciclovia é inspirado no quadro “A Noite Estrelada”, de Vincent van Gogh, e feito com pequenas pedrinhas especiais que brilham no escuro graças a uma tecnologia inovadora de armazenamento de energia solar. O projeto combina arte, tecnologia e segurança dentro do novo contexto holandês inaugurado pela recente implementação de sistemas de captação de energia solar das ciclovias.
Em outra versão de “A Noite Estrelada” para os dias atuais, criada por Alex Harrison Parker, a obra de Van Gogh foi recriada com fotos tiradas do espaço. Hoje, Parker é um pesquisador de pós-doutorado no Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, em Cambridge. Seus temas de pesquisa giram em torno da formação e evolução de Sistemas planetários. Para produção de sua versão de “A Noite Estrelada“, Parker utilizou um software de mosaicos e selecionou cem fotos capturadas pelo Telescópio Hubble durante os últimos vinte anos.
Uma recriação interessante da obra “A Noite Estrelada” foi realizada com 7000 peças de dominós, que levou 10 horas para ser montada.
O artista grego Petros Vrellis recriou “A Noite Estrelada” para que ficasse em constante movimento, podendo ser alterada com o toque do espectador. Para produção, Petros utilizou a multiplataforma openFrameworks, direcionada especificamente para artistas, designers e programadores. Tal ferramenta é focada em criações audiovisuais, fornecendo uma interface simples e padronizada para manipular vários tipos de mídia. São aproximadamente oitenta mil partículas que movem-se constantemente de forma fluída e a API (Applocation Programming Interface) utilizada é a OpenGL (Open Graphics Library), que reúne funções específicas disponibilizadas para a criação e desenvolvimento de aplicativos em determinadas linguagens de programação.
Durante o processo, o artista pontuou que se surpreendeu ao descobrir que os fluxos da pintura são consistentes e que não há conflitos nas direções das pinceladas. Dentre as muitas dificuldades, Petros afirma que demorou mais de seis meses para terminá-lo. Não foi apenas uma tarefa de programação, mas também um processo de calibração em que havia a preocupação de obter o resultado mais similar possível ao da obra Van Goghiana. No entanto, o processo careceu de muita paciência, fazendo Petros chegar muito perto de desistir.
Estas são só algumas das recriações da famosa obra de Van Gogh que encontrei na Internet. “A Noite Estrelada“, por ser uma obra transcendental, de um dos maiores gênios da pintura que já existiu, continuará servindo de roteiro e emprestando sua alma para pesquisas e estudos na área da Ciência e da Tecnologia.
Autor: Catherine Beltrão