Patricia Piccinini: rejeição e afeto, nessa ordem

Em poucos minutos, a rejeição ao olhar se transforma em afeto no coração. Vontade de tocar. De ficar junto. De deixar cair as lágrimas.

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Patricia Piccinini

Patricia Piccinini (1965) é uma artista que trabalha com uma grande variedade de mídia, incluindo pintura, vídeo, som, instalação, impressões digitais e escultura. Desde o dia 12.10.2015 até 04.01.2016 estará apresentando a exposição ComCiência no CCBB de São Paulo. Depois, a exposição também será apresentada em Brasília e no Rio.

O convite para a exposição é o Skywhale, um grande balão inflável, em formato híbrido de tartaruga e baleia, chamando a atenção por onde ela passa: “O que será isso? Tartaruga que voa? Baleia no céu?”

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Skywhale

As esculturas de Patricia Piccinini são feitas usando fibra de vidro e silicone e podem alcançar até 18 meses de execução. Suas criaturas são realizadas em um estúdio em Melbourne que, abrigado em uma antiga fábrica, mais parece um laboratório de efeitos especiais de cinema.

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“O tão esperado”. 2008.

A arte de Patricia é formada por criaturas bisonhas, estranhas, repulsantes ao primeiro olhar. A maioria de suas esculturas contrapõem seres humanos a seres surreais, mistura de animais com a imaginação da criadora das obras. A artista questiona por meio de sua pesquisa a maneira como se dá o nosso confronto com a estranheza.

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“O Visitante Bem-vindo”. 2011.

Não há como não comparar a arte de Patricia Piccinini e Ron Mueck (1958). Ambos australianos, os dois buscam a emoção de quem contempla suas obras. Ninguém sai de uma exposição de Patricia ou de Ron da mesma forma que entrou. Cada pessoa troca sentimentos com as obras, doando algo de si neste confronto.

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A questão emocional é fundamental na minha obra, pois é através da emoção que nos engajamos em algo”, explica Patricia. “Hoje em dia é muito difícil chamar a atenção das pessoas. Eu poderia fazer um trabalho entediante para provar quão intelectual eu sou, mas não é esse o meu objetivo. Quero me conectar com as pessoas. Sou inclusiva e o mundo da arte é o oposto.” E termina, comentando sobre as crianças adormecidas junto a seres estranhos: “Para que você durma com uma pessoa, você tem que realmente confiar nela”.

Para ver a matéria apresentada no Jornal Nacional da Globo, no dia 12.10.2015, inauguração da exposição,  sobre a exposição ComCiência, clique aqui.

Autor: Catherine Beltrão

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