E por falar em vento…

O vento está na moda. É bem verdade que não dá pra ser estocado. Mas dá pra ser sentido. E pra ser registrado, em sua força, beleza ou leveza. Um poema, três pinturas e uma canção… e o vento invade nossa alma.

Já dizia o grande Fernando Pessoa:

 “As vezes ouço passar o vento;
e só de ouvir o vento passar,
 vale a pena ter nascido”.

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“Essai de Figure en Plein Air (Vers La Droite)” e “Essai de Figure en Plein Air (Vers La Gauche)” , de Claude Monet. 1886, ost.

Claude Monet (1840-1926), grande nome do Impressionismo, é frequentemente lembrado por seu jardim em Giverny e suas ninfeias, plácidas e deslumbrantes. Mas ele também soube interpretar o vento através de cores, écharpes e flores. Definitivas são as obras “Essai de Figure en Plein Air (Vers La Gauche)” – “Ensaio de figura ao ar livre (voltada para a esquerda) e “Essai de Figure en Plein Air (Vers La Droite)”  – “Ensaio de figura ao ar livre (voltada para a direita).

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“A Noiva do Vento”, de Oscar Kokoschka. Ost, 1914.

Oscar Kokoschka (1886-1980), nascido na Áustria, é um dos grandes nomes do Expressionismo. Recebeu a influência de Gustav Klimt e Van Gogh mas criou o seu próprio estilo pessoal, visionário e atormentado. Suas composições apresentam a supremacia da linha sobre a cor e a sua temática costuma ser o amor, a sexualidade e a morte. As obras mais puramente expressionistas destacam-se pelas figuras retorcidas, de expressão torturada e apaixonamento romântico, como “A noiva do vento“, certamente a obra mais famosa de Kokoschka.

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“Correndo com o vento”, de Lenagal. Acrílica sobre tela, 2005.

Lenagal (1957), artista açoriana contemporânea, pinta mulheres. Mulheres em silêncio, mulheres com a música, mulheres ao vento. Ela se define: “Eu sou sinfonia do vento ao entardecer. O animal abandonado por mão cruel. Eu sou a água do mar agitado, pedra que todos pisam. O Espaço. O vazio. O Nada . Tudo . Sou o fogo que arde, sou a terra, o ar. Eu sou a flor que todos cheiram. Eu sou Eu, sou muitos rostos. Eu sou a liberdade que todos desejam, a lágrima que nos rostos rola, sou arvore queimada , pétala arrancada , dor que ninguém consola . Sou o procriar da criança, amante do amor, da Lua, irmã de sangue . Eu sou simplesmente MULHER.”

E quando se trata de vento, é impossível não lembrar da canção de Bob Dylan, “composta em 1963, “Blowin’In the Wind” – “Soprando ao vento” (Vídeo com duração de 2:46):

The answer, my friend, is blowin’ in the wind…”

Autor: Catherine Beltrão

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