Pianos em telas e versos (Parte II)

Um só post não era suficiente para dar uma ideia de minha paixão pelo piano. Dando prosseguimento à primeira parte deste post, mais alguns pianos são agora apresentados… pianos mais modernos, mais desconcertantes, mas nem por isso, menos encantadores.

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“Florescimento da Primavera necrófila num piano de cauda”, de Salvador Dali. 1933.
Vídeo: “Gymnopédie No.1”, de Erik Satie. Duração: 3:36

Quanto aos versos, desta vez escolhi “Ode ao Piano“, de Pablo Neruda.

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“Menina com gato e piano”, de Di Cavalcanti. 1967
Vídeo: “Ária da Bachiana Brasileira nº 4”, de Heitor Villa Lobos. Duração: 4:09

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“Georgette ao piano”, de René Magritte. 1923
Vídeo: “Impressões Seresteiras, do Ciclo Brasileiro”, de Heitor Villa Lobos. Intérprete: Magda Tagliaferro. Duração: 5:51

Estava triste ao piano
no concerto,
esquecido em seu fraque de coveiro,
então abriu a boca,
sua boca de baleia:
entrou o pianista para o piano
voando como um corvo,
alguma coisa passou como se caísse
uma pedra
de prata
ou uma mão
em um tanque
escondido:
deslizou a doçura
como a chuva
sobre um sino,
caiu a luz ao fundo
de uma casa fechada,
uma esmeralda percorreu o abismo
e soou o mar,
a noite,
as campinas,
a gota de orvalho,
o altíssimo trovão,
cantou  arquitetura da rosa,
rodou o silêncio ao leito da aurora.

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“A lição de piano”, de Henri Matisse. 1916
Vídeo: “A grande porta de Kiev”, de Quadros de uma Exposição – Modest Petrovich Mussorgsky. Duração: 4:13

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“O piano”, de Pablo Picasso. 1957
Vídeo: “Sonata para piano nº 7, Op.83”, de Serge Prokofiev. Intérprete: Gleen Gould. Duração: 19:52

Assim nasceu a música
do piano que morria,
subiu as vestes
da náiade
do cadafalso
e de sua dentadura
até que no esquecimento
caiu o piano, o pianista
e o concerto,
 e tudo foi som,
torrencial elemento,
sistema puro, claro campanário.

Então voltou o homem
da árvore da música.
Desceu voando como
corvo perdido
ou cavaleiro louco:
fechou sua boca de baleia do piano
e ele andou para trás,
para o silêncio.

Para completar o acervo, uma obra de Klimt, que não pode ser mais vista: essa e muitas outras foram destruídas pelos nazistas em 1945.

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“Schubert ao piano”, de Gustav Klimt. 1899.
“Clair de Lune”, de Claude Debussy. Duração: 6:00

Quanto a Wassily Kandinsky, é sabido de sua forte relação com a música.  Ele, introdutor da abstração no campo das artes visuais, e Arnold Schoenberg, criador do dodecafonismo, foram os pilares da evolução artística do século XX. É de Kandisky esta citação sobre o piano:

A cor é uma força que influencia diretamente a alma. A cor é o  teclado. Os olhos são os martelos. A alma, o piano de inúmeras cordas. O artista é a mão que toca.”

Como trilha sonora desta  segunda parte do post, escolhi peças de Erik Satie, Claude Debussy, Heitor Villa Lobos, Modest Mussorgsky e Serge Prokofiev.

Para ler a parte I deste post, clique aqui.

Autor: Catherine Beltrão

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