Eliseo d’Angelo Visconti (1866-1944) foi um pintor, desenhista e designer ítalo-brasileiro ativo entre os séculos XIX e XX. É considerado um dos mais importantes artistas brasileiros do período e o mais expressivo representante da pintura impressionista no Brasil.
Em 1901, Visconti organizou sua primeira exposição individual na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. O sucesso desta exposição rendeu o convite que lhe fez o prefeito Pereira Passos para executar os trabalhos de decoração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, realizados em Paris, em duas etapas. Entre 1905 e 1908 Eliseu Visconti executou o pano de boca, o plafond (teto sobre a platéia) e o friso sobre o palco (proscênio). E entre 1913 e 1916, pintou os painéis do foyer do Theatro, considerados uma obra prima da pintura decorativista no Brasil.
O alargamento do palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em meados da década de 1930, iria proporcionar a Visconti um retorno às emoções da mocidade. O artista executou um novo friso sobre a boca de cena (friso sobre o proscênio), em perfeita harmonia com as demais decorações. Em 2008, durante a reforma do Teatro Municipal para a festa do seu centenário, foi encontrado por acaso o proscênio primitivo. Ao contrário do que se imaginava, o proscênio primitivo, escondido há mais de setenta anos, foi preservado, afastado do atual e em bom estado de conservação.
Para quem quiser saber um pouco mais sobre as pinturas de Eliseu Visconti no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, vale a pena assistir a este magnífico vídeo abaixo. E, como se não bastasse, as imagens vem acompanhadas do belíssimo “Clair de Lune“, de Debussy.
A exemplo de Visconti em terras brasileiras, Chagall também deixou sua marca artística no teto de um teatro: o deslumbrante Opéra Garnier, em Paris.
Marc Chagall (1887 — 1985) foi um pintor, ceramista e gravurista surrealista judeu russo-francês. Em 1958, desenhou os cenários e figurinos para a representação do balé Daphnis e Chloé de Maurice Ravel para o Opéra de Paris. Após ter assistido ao trabalho do artista em Daphnis e Chloé, Andre Malraux, ministro da Cultura francês, encomendou-lhe a pintura do novo teto do Opéra de Paris.
Trabalhando em uma superfície de 560 metros quadrados, e circundando o candelabro central do salão principal pesando mais de seis toneladas, Chagall dividiu o teto em zonas coloridas que preencheu com paisagens e figuras representativas dos luminares da ópera e do balé. O teto era característico das obras-primas de Chagall – infantil em sua aparente simplicidade, embora luminoso pelas cores e evocativo do mundo de sonhos e do subconsciente.
No começo da década de 60, Chagall foi convidado para substituir os afrescos que existiam no magnífico teatro do Opéra, e colocar ali uma criação sua. O fato criou uma polêmica enorme e deixou os mais puristas da época ultrajados com a ideia de ter o teatro marcado com um teto colorido e com uma pintura tão moderna. Desde então, já se passaram 50 anos e, hoje em dia, a marca de Chagall é mais uma razão para visitar o Palais Garnier.
Neste ano, para comemorar o aniversário desta belíssima pintura, o diretor Laurence Thiriat foi convidado para realizar o documentário Le Plafond Chagall, il y a 50 ans le scandale (em tradução livre: O teto de Chagall, 50 anos de escândalo). Durante as filmagens, foram usados drones que sobrevoaram o Opéra e registraram imagens do teto nunca antes captadas. Foi lançado um teaser do filme e é possível ver uma pequena parte do impressionante resultado das filmagens acessando o link do vídeo abaixo. É simplesmente fantástico!
Autor: Catherine Beltrão
Comment(1)
Annelise Gripp says:
2 de dezembro de 2014 at 00:59Amiga Catherine.
Linda obra… Os tons e os detalhes nos mostram o tamanho da sensibilidade de Visconti e Chagall.
Excelente seu post!
Bjs
Annelise