A Morte do Cisne

O que associa uma bailarina a um cisne?

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Anna Pavlova, em “A Morte do Cisne”, por Ernst Oppler.
Filmado em 1925.

Talvez o bater de suas asas que se confundem com o modo de mover os braços da bailarina… ou a curvatura de seu pescoço com os posicionamentos da cabeça no ato de dançar… ou a cor e a textura de sua penugem, facilmente associados à cor branca, com penas presas ao acessório de cabeça e tutus que remetem à pureza e beleza do cisne branco.

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Galina Ulanova, em “A Morte do CIsne”.
Vídeo de 1956

Embora quase todos associem o cisne ao balé “O Lago dos Cisnes”, que teve sua primeira montagem em 1877, é no “A Morte do Cisne” que a bailarina pode emprestar à coreografia toda a intensidade dramática que este balé exige.

A Morte do Cisne” foi criado em 1905 por Michel Fokine (1880-1942) para a grande bailarina Anna Pavlova  (1881-1931). Este balé, com a música “O cisne” de “O carnaval dos bichos” (“Le Carnaval des Animaux“), de Camile Saint-Saens (1835-1921), foi composto em 1875 e se tornou o balé assinatura da carreira da bailarina russa.

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Maya Plisetskaya, em “A Morte do Cisne”.
Vídeo de 1975.

Com duração de 3’20”, a coreografia de Fokine é composta de pequenos e leves movimentos da parte superior do corpo, com os pés executando “pas de bourée couru“, o que, muito mais de uma grande demanda técnica, exige da bailarina uma empressão dramática em cena. Com isso, cada intérprete tem a “liberdade” para imprimir sua assinatura na obra. Em última análise, cada bailarina pode interpretar a morte do cisne como sua própria morte. Em consequência, cada espectador pode enxergar na interpretação a sua própria morte.

Foram muitas as bailarinas que dançaram “A Morte do Cisne“. Mas, além de Anna Pavlova, que inspirou a obra, mais três bailarinas russas chegaram à interpretação magistral deste curto ballet: Galina Ulanova (1910-1998), Maya Plisetskaya (1925-2015) e Natalia Makarova (1940).

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Natalia Makarova, em “A Morte do Cisne”.
Vídeo de 1975.

Há um grande espaço de tempo entre a formação de Pavlova para a de Makarova, sendo que ambas se formaram na escola do Balé Mariinsky, em São Petersburgo. Neste período, vê-se nitidamente pelos vídeos que o corpo de uma bailarina sofre grandes mudanças: a musculatura é mais acentuada em Makarova, tanto nos braços quanto nas pernas, há nela uma força física mais aparente, o que na época da Pavlova não era valorizado, muito pelo contrário, evitava-se. O trabalho de ponta também é mais pronunciado, com o arco do pé mais trabalhado e mais perceptível. A força em Makarova é mais evidente mas, ao mesmo tempo, a leveza continua presente, já que se trata da técnica do balé.

Para mim, “A Morte do Cisne” sintetiza em pouco mais de três minutos, até aonde uma associação entre a arte da dança e da música pode nos levar a uma pura emoção.

 Autor: Catherine Beltrão

Comment(1)

  1. Responder
    MIGUEL PENNA SATTAMINI DE ARRUDA says:

    Excepcional. Quatro vídeos maravilhosos e espetaculares. Mais uma postagem de enorme valor cultural e mais uma aula de arte imprescindível para todos. Parabéns por mais essa preciosidade.

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