Segundo a mitologia grega, Eros é o deus do Amor. Muito belo e irresistível, levando a ignorar o bom senso, atribui-se a Eros um papel unificador e coordenador dos elementos. Mas Eros também é responsável pela criação da sexualidade que, dependendo dos costumes ou da moral através dos tempos, se transforma em tabu, que irá significar uma proibição convencional, de maior ou menor repressão.
De Eros passamos à arte erótica. Mas o que é arte erótica?
Encontramos na Wikipédia a seguinte definição: A arte erótica é o termo que reúne qualquer manifestação artística destinada a evocar o erótico ou descreve cenas de sexualidade humana. Inclui pinturas, gravuras, desenhos, esculturas, fotos, músicas e literatura.
Outra manifestação de arte erótica mundial são as esculturas externas de templos em Khajuharo, na Índia. O conjunto destes templos foi construído ao longo de cem anos, de 950 a 1050, restando atualmente cerca de 22 dos 80 construídos na época.
São um exemplo da ligação entre a religião e o erotismo, mas a representação das cenas eróticas ou de sexo são sempre entre figuras humanas e não entre divindades e estão sempre nas paredes externas dos templos. Isto significa que o visitante crente que pretendia estar perto da divindade, deveria deixar os seus desejos sexuais fora do templo.
Da Índia também vem o manual Kama Sutra, um antigo texto sobre o comportamento sexual humano, amplamente considerado o trabalho definitivo sobre amor na literatura sânscrita. O texto foi escrito pelo poeta Vatsyayana, como um breve resumo dos vários trabalhos anteriores, e que teria sido composto entre o século I e VI da Era Cristã. A difusão do Kama Sutra no Oriente sempre se deu dentro de uma atmosfera religiosa. Era uma espécie de livro santo, e a técnica do amor sexual era compreendida como forma de alcançar o estado divino. Na educação oriental o sexo era encarado como filosofia, e muitos livros da antiguidade chinesa ou japonesa levam a crer que o sexo era considerado também uma manifestação artística, de grande poder de criação.
Como exemplos da arte erótica ocidental dos últimos 200 anos, nomes como Picasso, Di Cavalcanti, Wambach, Rodin, Degas, Manet e Courbet são somente alguns dos que se aventuraram a trilhar também este caminho, paralelo ao grande legado que cada um deles deixou para a humanidade. Senão, vejamos.
Pablo Picasso (1881-1973), pintor e desenhista espanhol, foi de uma liberdade mais total como desenhista do que como pintor. A malícia, o humor grotesco, a inventiva fantástica, são qualidades constantes de sua obra, além do traço livre e ligeiro, que dá ideia de uma criação instintiva e fluente. Os desenhos eróticos de Picasso ficaram conhecidos a partir dos anos 70. Uma verdadeira explosão de sexo explícito.
Pintor brasileiro, Di Cavalcanti (1897-1976) nasceu e morreu no Rio de Janeiro. Um dos principais componentes da Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, Di é um dos mais típicos dos nossos pintores pela sua temática popular, que inclui o carnaval carioca, paisagens de subúrbios cariocas e mulatas sensuais. Di Cavalcanti, já no final da vida, produziu vários desenhos extremamente eróticos.
Edouard Manet (1832-1883) é considerado precursor do Impressionismo, tendo nascido e morrido em Paris. “Olympia” foi o primeiro nu da pintura impressionista, obra prima hoje considerada uma das peças mais importantes da arte moderna.
Gustace Courbet (1819 – 1877), pintor francês, deixou obras cujo realismo fez escândalo. Entre elas, “Le Sommeil”, encomenda ao artista em 1866 por Khalil-Bey, antigo embaixador da Turquia em São Petersbourg e que morava naquela época em Paris, desponta como símbolo de lesbianismo expresso.
Georges Wambach (1901-1965), pintor belga, morreu no Rio de Janeiro. Um dos maiores nomes da iconografia brasileira, tendo deixado um legado imenso de aquarelas e bicos de pena representando vários lugares do Brasil, também teve sua fase erótica em grande estilo, mas que, até hoje, é conhecida por pouquíssimos privilegiados.
Edgar Degas (1834-1917), pintor francês, é bastante conhecido pelas suas bailarinas, mas ele também pintou mulheres nuas recostadas ou tomando banho em suas banheiras. São dele estas palavras: Jusqu’à présent, le nu avait toujours été représenté dans des poses qui supposent un public. Mais mes femmes sont des gens simples… Je les montre sans coquetterie, à l’état des bêtes qui se nettoient . (Até agora, o nu tinha sido sempre representado em poses que supõem ter plateia. Mas minhas mulheres são pessoas simples… eu as mostro sem produção, como se fossem animais que se limpam.)
Como último exemplo, o grande Auguste Rodin (1840 – 1917), escultor francês, ficou imortalizado pelas suas esculturas perfeitamente esculpidas em mármore e bronze, a ponto de o acusarem de ter feito uso de modelos vivos como molde. O Hotel Biron, onde morou em seus últimos anos de vida, é hoje o Museu Rodin, onde se encontram várias de suas obras, inclusive a famosa “Le Baiser”.
A intenção que tive, ao escrever e publicar este post, é tentar mostrar a beleza e a importância da arte erótica no contexto da arte como um todo, estando este tipo de arte ligado à cultura e à evolução dos costumes dos povos através dos tempos. Totalmente diferente do conceito de pornografia que está associada à vulgaridade, à banalidade e ao descartável.
Autor: Catherine Beltrão
Comments(2)
João Reguffe says:
21 de janeiro de 2015 at 07:17Olá
Existem trabalhos de Gombach sobre o Rio G. do Sul?
E livro de arte erótica desse artista?
Saudações.
João
Catherine Beltrão says:
25 de janeiro de 2015 at 01:02Prezado João Reguffe,
Infelizmente não temos nenhuma informação referente ao artista de nome Gombach. Você poderia nos fornecer mais alguns dados (primeiro nome, nacionalidade)?
Saudações,
Catherine Beltrão