Wambach, o pintor andarilho

Georges Wambach (1901-1965), nasceu na Antuérpia/Bélgica e morreu no Rio de Janeiro. Quem lhe deu o cognome de “andarilho da pintura” foi o  crítico José Roberto Teixeira Leite, com certeza pelo fato de que Wambach viajava pelo Brasil afora, com cavalete, paleta, tintas e pincéis na mochila, registrando em pequenos álbuns uma grande variedade de locais desse imenso e belíssimo Brasil. Foi um dos artistas que mais contribuíram para a iconografia brasileira.

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Wambach pintando “Pommiers em fleur”

Autodidata, sua formação artística foi a vivência do ambiente familiar, em sua cidade natal. Seu pai era músico e sua mãe, pintora. Os trópicos entraram na vida de Wambach pelas mãos de uma francesa. Na década de 20, conheceu Edith Blin, que trabalhava como atriz no Teatro Molière, em Bruxelas. Em 1935, Wambach veio ao Brasil com Edith e se encantou com as paisagens e as mulatas. Mas, em 1937/38, ele voltou à Europa, tendo pintado um magnífico óleo sobre tela, o “Pommiers en fleur“, datado de 1937, feito em frente à casa onde morava Edith na Normandia. A obra representa uma paisagem da região, com macieiras em flor e possui uma dedicatória a Edith: “À Edith Blin de A. – son ami G. W.”

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“Pommiers em fleur”, ost, 1937, 70 X 100cm

 

Wambach - Chafariz

“Chafariz Colonial, pç.15 de Novembro, RJ”, bico de pena, 1939, 32 X 21cm

Wambach - Capela do Santissimo

“Capela do Santíssimo, Monserrate, S.Bento,RJ”, bico de pena, 1939, 60 X 40cm

Em 1942, abriu-se a primeira exposição de Wambach no Brasil, no Salão do Museu Nacional de Belas Artes. Em telas a óleo, aquarelas e bicos-de-pena, o seu temário se mostrava em toda a sua amplitude. São paisagens brasileiras e europeias, além de vários interiores de igrejas barrocas. Eram as primeiras impressões de viagens pelo Brasil e evidenciavam o seu encanto pela luz e pelas cores apreendidas com maestria nas transparências da aquarela. Ao lado dessa produção formal, o pintor trabalhou em áreas alternativas, desenhando rótulos de remédios para laboratórios, cartões postais, colaborando em revistas como A Revista da Semana e Dom Casmurro. Esta última, no número de Natal 1943, publica várias aquarelas de Wambach, tendo como tema o cenário urbano do Rio de Janeiro: o Palácio Monroe, a praça Paris, o Theatro Municipal e a praça da Glória.

 

Wambach - Igreja de Monte Serrate

“Igreja de Monte Serrate”, ost, 1945, 43 X 75cm

 

Wambach - livro aquarelas

Capa do livro “Aquarelas de Georges Wambach – Impressões do Brasil”, publicado em 1988

Nos anos 80, iniciei a catalogação das obras de Edith Blin e, tendo ouvido relatos de pessoas que tinham convivido com o casal Edith e Wambach, resolvi catalogar também a sua obra. Este fato me fez chegar ao projeto de publicação do livro “Aquarelas de Georges Wambach – Impressões do Brasil“, financiado pelo Banco Itaú, que havia adquirido um dos álbuns de aquarelas do pintor. Fui chamada por Margarida Cintra, da editora Marca d’Água, para participar do conteúdo da publicação e fiquei muito feliz em contribuir com tão belo trabalho! Abaixo, duas das obras que constam do livro.

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“Largo do Boticário I”, aquarela, 27,5 X 17cm

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“Coqueiros em Ipanema”, aquarela, 1955, 24,5 X 16cm

 

Embora Wambach seja mais conhecido pelas suas aquarelas e bicos de pena, representando paisagens de todo o Brasil, ele também fez muitos retratos e produziu um grande  número de obras eróticas. Bem antes de Di Cavalcanti, as mulatas brasileiras já faziam parte de quadros pintados por Wambach. Mas isso é tema para outro post…

Mais informações: www.artenarede.com/wambach

 

 

 Autor: Catherine Beltrão

Comments(14)

  1. Responder
    Maria Michelini says:

    Catherine,
    To super feliz em ter encontrado esse texto. Sou bisneta do Georges Wambach e estou buscando referências sobre minha árvore genealógica. Sou filha de Roland Georges Wambach, que é neto do aquarelista. Meu pai brigou com o seu pai no final da adolescência e não teve mais contato com ele. Estou indo de visita à Antuérpia em breve. Se tiver como contribuir, gostaria de ter acesso a mais referências dos meus antepassados. Até onde sei, o Georges Wambach era filho da Marie Wambach de Duve.

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Olá Maria! Que bom que você chegou até aqui!
      Você já leu o livro – “Aquarelas de George Wambach – Impressões do Brasil” – editado pela Marca d’Agua, nos anos 80? Lá você tem bastante informação.
      Georges Wambach era filho de Emile Xavier Wambach e Marie Wambach de Duve. Casaram-se em 1887 e tiveram 5 filhos, sendo Georges o caçula. Ele nasceu na Antuérpia em 1• de outubro de 1902, na Place de Meir, 34. Você tem estes dados? Se precisar de mais informações, e você não tiver este livro, posso fotografar algumas páginas e lhe enviar…
      Um abraço!

    • Responder
      JoCa Gil says:

      Olá! Li sua postagem hoje, 1 nov 2018, procurando informação sobre o pintor, seu bisavô. Tenho uma obra dele em minha casa. Foi do meu avô (inclui dedicatória), e agora é do meu pai. Trata-se de uma pintura da Avenida Niemeyer com vista das ilhas Cagarras. Se alguém tiver interesse em ver, WhatsApp 21997115728

      • Responder
        Catherine Beltrão says:

        Olá JoCa,
        Georges Wambach não foi meu bisavô. Ele não faz parte da minha família. Mas ficou muito próximo dela nos anos 30 e 40 do século passado. Por essa razão, esse meu interesse em catalogar a sua obra. Se quiser, você pode mandar a imagem e a ficha técnica da obra para o e-mail catherine@artenarede.com.
        Um abraço!

  2. Responder
    Pedro Habibe says:

    Olá, me chamo Pedro e meu avô tem 4 aquarelas do Wambach em sua casa e duas outras ilustrações, inclusive com dedicatórias. Não sei se existem registros desses quadros e, se for do interesse, posso contribuir com imagens e informações.

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Com certeza, Pedro, seria ótimo você enviar as imagens e a ficha técnica de cada uma dessas obras de Wambach. Envie para o endereço catherine@artenarede.com. E obrigada!

  3. Responder
    Marcelo Abreu says:

    Olá Catherine, boa tarde!
    Sou Marcelo Abreu fazendo minhas pesquisas cheguei até aqui. Tenho um retrato meu aos 12 anos de idade desenhado a lápis e de forma absolutamente livre, pelo Wambach. Isso foi em Guaratinguetá em 1964. Tinha esse desenho guardado e resolvi pesquisar quem poderia ser o artista e por uma comparação da caligrafia dele em um de seus trabalhos (Igreja) com a dedicatória de meu desenho, conclui que poderíamos estar falando do mesmo artista. Gostaria de lhe enviar a foto desse retrato e, se possível, ter o seu comentário a respeito de estarmos falando do mesmo Wambach. Agradeceria que me indicasse um e-mail seu para o envio. Obrigado antecipadamente e um abraço. Marcelo

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Olá Marcelo! Você pode enviar a imagem deste seu retrato, supostamente de autoria de Georges Wambach, para o e-mail catherine@artenarede.com.
      Um abraço!

  4. Responder
    Eneida Marcílio Lazar says:

    Meus avós maternos Flávio Portela Marcílio, Nícia Morais Correa Marcílio e minha mãe Nícia Cláudia Marcílio, foram pintados por ele em passagem pelo Brasil.

    Minha mãe conta que ela e minha tia passearam com ele em um parque de diversões e que Wambach chegou a dá dicas de um bom molho de tomate.

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Olá Eneida!
      Que interessante…
      Se quiser, você pode mandar as imagens e a ficha técnica de cada um dos retratos de seus familiares , pintados pro Wambach, para o endereço catehrine@artenarede.com.
      Um abraço!

  5. Responder
    Celso Guimarães says:

    Estou com um retrato de Wambach, há possiblidades de avaliação desse retrato. Atenciosamente
    Celso Guimarães

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Olá Celso!
      Não fazemos avaliações da obra de Georges Wambach. Para isso, você poderia contactar o Escritório Soraia Cals, no Rio de Janeiro.
      Um abraço!

  6. Responder
    Tunai Rehm Costa de Almeida says:

    Olá, Catherine.
    Me chamo Tunai e sou professor do Instituto Federal do Pará. Atualmente, realizo uma pesquisa de doutorado acerca de Georges Wambach e seus passos, seus caminhos e trajetória desenvolvida por ele que o levou pintar alguns quadros sobre a paisagem paraense. Gostaria, se possível, de trocar informações que possam contribuir com minha pesquisa.
    Desde já, agradeço a atenção.
    Cordialmente,
    Tunai Rehm

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Que beleza de trabalho, Tunai! Georges Wambach deixou obras belíssimas sobre paisagens de nosso Brasil, de norte a sul. Suas aquarelas e bicos-de-pena são inconfundíveis!
      Através de sua pesquisa, você realmente deve saber muito mais do que eu sobre as produções de Wambach no Pará. Mas, de qualquer forma, se quiser entrar em contato, pode fazê-lo pelo e-mail catherine@artenarede.com.
      Um abraço!

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