Bandeirinhas, balões e fogueiras: é a festa junina na Arte!

O Carnaval e a Festa Junina são as duas mais importantes festas populares da cultura brasileira. E, por conta disso, também são as representações festivas mais recorrentes nas produções dos artistas brasileiros. E como se elege as top sete? Mais uma vez, é o coração que entra em cena, tal qual fogueira que aquece as noites frias do inverno deste lado sul do Equador…

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“Noite de São João”, de Guignard. 1961, osm, 61 X 46cm

Impossível falar de balões juninos sem pensar instantâneamente em Guignard. Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), pintor dos sonhos, da poesia e da fantasia. Pintor das “paisagens imaginantes“, suas célebres vistas aéreas líricas, que demonstram o encanto que as cidades de Minas Gerais lhe causavam. Ou seriam reminiscências das serras friburguenses do Rio de Janeiro, sua cidade natal (Nova Friburgo)?

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“Festa de São João com guirlanda”, de Anita Malfatti. Déc. 40,ost, 50 X 61cm

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“São João”, de Di Cavalcanti. 1969, ost, 81 X 100cm

Anita Malfatti (1889-1964), um dos grandes nomes do movimento modernista brasileiro,  nunca foi uma artista presa às técnicas que aprendera ao longo da sua vida, e nem se rendeu à busca de inovação a todo custo. Sua obra representa a busca de uma pintura livre, de acordo com seus conceitos de liberdade. A partir de 1940 a artista pintou cenas populares, sendo as festas juninas um dos temas de sua predileção.

Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976) também esteve à frente da Semana Moderna de 22. Conhecido como “pintor das mulatas“, carregava seus personagens festivos de tristeza. Já escrevia Murilo Mendes sobre Di: “…Daí o aspecto triste, às vezes mesmo sinistro, de certos personagens festeiros de seus quadros. Todos nós sabemos que o substrato da alegria brasileira é carregado de tristeza. …

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“Bandeiras e mastro”, de Volpi. Sem data, têmpera sobre tela, 68 X 103cm

Não é preciso ser um grande conhecedor de arte para saber que Alfredo Volpi (1896-1988) é o “pintor das bandeirinhas”. Volpi foi um pintor ítalo-brasileiro considerado pela crítica como um dos artistas mais importantes da segunda geração do modernismo. Uma das características de suas obras são as bandeirinhas e os casarios. Na década de 1950 evoluiu para o abstracionismo geométrico, de que é exemplo a série de bandeiras e mastros de festas juninas.

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“Festa junina”, de Djanira.1968

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“Festa junina”, de Heitor dos Prazeres. 1953, osm, 49 X 47cm

Autodidata, Djanira da Motta e Silva (1914-1979) foi  pintora, desenhista, ilustradora, cartazista, cenógrafa e gravadora brasileira. Sobre ela escreveu Jorge Amado: “Djanira traz o Brasil em suas mãos, sua ciência é a do povo, seu saber é esse do coração aberto à paisagem, à cor e ao perfume.

O pintor, poeta e compositor Heitor dos Prazeres (1898-1966)gostava de retratar a vida nas favelas cariocas. Compositor, instrumentista e   letrista, em parceria com Noel Rosa compôs a música carnavalesca “Pierrô   Apaixonado”. Notabilizou-se como compositor de música popular. Em meados dos anos 30 começou a pintar mulatas, malandros, o samba e o mundo da favela. Jovens em festas juninas e rodas de samba são algumas situações que Heitor dos Prazeres mostrou em seus quadros coloridos e alegres.

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“Festa de São João”, de Portinari.1958

Cândido Portinari (1903-1962), o maior dos pintores brasileiros. Nos anos 40, ao visitar o MoMA, em Nova York, Portinari se impressionaria com uma obra que mudaria seu estilo: “Guernica” de Pablo Picasso. Em 1952 uma anistia geral fez com que Portinari voltasse ao Brasil. Mas a década de 50 seria marcada por diversos problemas de saúde. Em 1954 Portinari apresentou uma grave intoxicação pelo chumbo presente nas tintas que usava. Já bastante doente, Portinari pintou em 1958 esta fantástica “Festa de São João“, toda trabalhada  com triângulos em tons de rosa, ao estilo São Pedro e a fogueira quadrada sendo montada ao estilo Santo Antônio…  os três santos católicos populares sendo festejados em uma única obra! (Em tempo, essa eu aprendi hoje ao fazer a pesquisa para este post: para cada santo há um tipo de fogueira diferente. Na fogueira de São João as madeiras são colocadas em formato de cone. Na fogueira de Santo Antônio, as madeiras são colocadas em formato de quadrado. Já na fogueira de São Pedro, as madeiras ficam na posição de triângulo…)

Reunir Guignard, Malfatti, Di, Volpi, Djanira, Prazeres e Portinari em um só post, só mesmo com o coração em festa, embalada pelos versos do “Sonho de Papel” (autores: Carlos Braga e Alberto Ribeiro):

O balão vai subindo, vem caindo a garoa
O céu é tão lindo e a noite é tão boa
São João, São João!
Acende a fogueira no meu coração…

 Autor: Catherine Beltrão

Comments(2)

  1. Responder
    Esther says:

    Sabe , o site não é muito bom .
    Zueira , eu Amélio o site , minha professora amou o meu trabalho de acordo com o site de vcs … Obrigada …

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Que bom que você gostou do site, Esther! Ficamos felizes quando seu conteúdo pode ajudar de alguma forma pessoas interessadas em Arte!
      Um abraço!

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