Francisco Brennand, nascido na cidade de Recife em 1927, é um dos grandes nomes da arte sincrética brasileira, arte que propõe e entende a vida e o mundo como um todo, onde a proposta é agregar e não excluir.
Em uma viagem a Paris, em 1948, Brennand conheceu as obras em cerâmica de artistas consagrados como Picasso, Chagall, Matisse,
Braque, Gauguin e Miró. E, em 1950, passando por Barcelona, descobriu a obra de Antoni Gaudí, artista que o influenciou
fortemente.
A Oficina Cerâmica Francisco Brennand surgiu no ano de 1971 nas ruínas da Cerâmica São João da Várzea, uma olaria datada do ano de 1917, fundada pelo pai de Francisco, o industrial Ricardo Lacerda de Almeida Brennand.
A antiga fábrica de tijolos e telhas herdada pelo artista, instalada nas terras do Engenho Santos Cosme e Damião, no bairro histórico da
Várzea, é cercada por remanescentes da Mata Atlântica e pelas águas do Rio Capibaribe, principal curso d’água do Recife.
Trata-se de um complexo monumental — museu e ateliê — com aproximadamente 2 mil obras, entre esculturas, murais, painéis, pinturas, desenhos e objetos cerâmicos. A principal temática da obra de Francisco Brennand é a origem da vida e a eternidade das coisas.
No trabalho de Brennand, os ovos de argila estão sempre presentes, depositados como um emblema de imortalidade. O ovo simboliza o que é potencial, o germe da geração, o mistério da vida. O ovo do mundo, símbolo cósmico que se encontra na maioria das tradições culturais de todos os povos.
Lugar único no mundo, a Oficina Brennand constitui-se num conjunto arquitetônico monumental de grande originalidade, em
constante processo de mutação, onde a obra se associa à arquitetura para dar forma a um universo abissal, dionisíaco, subterrâneo, obscuro, sexual e religioso.
São 15 km² de área construída. O complexo conta com espaços como a entrada com Os Comediantes, o Anfiteatro, o Salão de
Esculturas, o Templo Central, o Templo do Sacrifício, a Accademia, o Cine Teatro, uma loja-café com souvenirs, além de jardins projetados por Burle Marx.
Palavras não descrevem a arte de Brennand. Ela precisa ser vista e sentida. Com os olhos e com as mãos. Sobretudo com as mãos. Como se faz com a cerâmica.
Autor: Catherine Beltrão
Comment(1)
Francisco Candido Monteiro Cajueiro says:
22 de julho de 2019 at 03:20Gênio. Orgulho de Pernambuco.