De Guignard a Tunga passando por Lea e Gerardo

Um dia, em 1940, Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) pintou a obra “As Gêmeas“, retratando as irmãs Léa e Maura, filhas do senador Barros Carvalho.

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“As Gêmeas”, de Guignard. 1940, ost , 130X111cm

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As duas Léas

Em 2002, em Nova Friburgo/RJ, por ocasião do depoimento do poeta Gerardo Mello Mourão, iniciando a série “Encontros com Guignard“, um pedaço vivo da história e da obra de Alberto da Veiga Guignard estava presente: Lea, a mulher de Gerardo, uma das irmãs retratadas no quadro “As Gêmeas“, datado de 1940.

Na ocasião, bastante emocionada, Lea falou de sua experiência e privilégio de ter posado para o grande mestre: mal sabia ela, quando posava com sua irmã Maura, naqueles idos dos anos 40, que esta obra viajaria mundo afora, e seria a obra brasileira mais famosa exposta no exterior. 

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Gerardo Mello Mourão

Gerardo Mello Mourão (1917-2007) foi o poeta que escreveu “Os Lusíadas” brasileiro: “Invenção do Mar“, poema épico dedicado a Luiz Gonzaga.  Dele disse Drummond: “É um poeta que não se pode medir a palmo e conseguiu o máximo de expressão usando recursos artísticos que nenhum outro empregou em nossa língua (…). Algumas pessoas pensam que sou o grande poeta do Brasil, mas o grande poeta do Brasil é o Gerardo Mello Mourão“.  E disse Tristão de Athayde: “Creio que jamais, em nossa história literária, se colocou a poesia em tão alto pódio“.

Gerardo e Lea foram os pais de Tunga (1952-2016).

Tunga nos deixou há pouco. Abriu caminhos para a arte brasileira no mundo. Considerado um dos maiores nomes da arte contemporânea nacional, ele foi o primeiro a ter uma obra exposta no museu do Louvre em Paris.

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“Lézart” (lagarto), de Tunga.1989, cobre , aço e ímã. Galeria Psicoativa Tunga, em Inhotim.

No Instituto Inhotim, em Brumadinho/MG, existem várias obras de Tunga. Algumas delas constam da Galeria Psicoativa Tunga.

True-Rouge

“True Rouge”, de Tunga. 1997, redes, madeira, vidro soprado, pérolas de vidro, tinta vermelha, esponjas do mar, bolas de sinuca, escovas limpa-garrafa, feltro, bolas de cristal, 1315 x 750 x 450 cm. Em Inhotim, desde 2002.

Com certeza a obra de Tunga já entrou para a história importante da arte brasileira e internacional. Ele foi extremamente inovador no desenvolvimento de suas estruturas, utilizando sempre pessoas, o corpo, fisicamente numa espécie de alquimia e ciência. E isso acabava se transformando em objetos“, avaliou a artista plástica Beatriz Milhazes.

Neste post, tentei fazer uma ligação entre Guignard e Tunga. Dois artistas. Duas mentes. Duas épocas. Unidos pela força poética e trajetória conturbada de um casal: Gerardo e Lea.

Não sei se consegui. Talvez como primeira tentativa, sim.

Autor: Catherine Beltrão

Comment(1)

  1. Responder
    Eduardo Vieira says:

    Sensacionais as conexões do post! Como em uma ópera, num crescente, as revelações vão envolvendo e surpreendendo!

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