Nascimento. Natividade. Natal.

O Natal celebra o nascimento de Jesus, chamado também de Natividade.

Diz o Evangelho de Lucas que José e Maria viajaram de Nazaré para Belém para comparecer a um censo e que Jesus nasceu durante a viagem numa simples manjedoura.  A Natividade foi pintada e escrita por grandes artistas e poetas. Não podia ser diferente. É um evento maior. 

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Sandro Botticelli (1445-1510)

 

Soneto de Natal“, de Machado de Assis

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Hieronymus Bosch (1450-1516)

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El Greco (1541-1614)

Um homem, – era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço no Nazareno, –
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto… A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
“Mudaria o Natal ou mudei eu?”

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Caravaggio (1571-1610)

 

O que fizeram do Natal“, de Carlos Drummond de Andrade

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Paul Rubens (1577-1640)

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Georges de La Tour (1593-1652)

Natal.
O sino longe toca fino,
Não tem neves, não tem gelos.
Natal.
Já nasceu o deus-menino.
As beatas foram ver,
encontraram o coitadinho
(Natal)
mais o boi mais o burrinho
e lá em cima
a estrelinha alumiando.
Natal.

As beatas ajoelharam
e adoraram o deus nuzinho
mas as filhas das beatas
e os namorados das filhas,
mas as filhas das beatas
foram dançar black-bottom
nos clubes sem presépio.

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Paul Gauguin (1848-1903)

 

Poesia de Natal“, de Cora Coralina

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Mark Chagall (1887-1985)

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Di Cavalcanti (1897-1976)

Enfeite a árvore de sua vida
com guirlandas de gratidão!
Coloque no coração laços de cetim rosa,
amarelo, azul, carmim,
Decore seu olhar com luzes brilhantes
estendendo as cores em seu semblante

Em sua lista de presentes
em cada caixinha embrulhe
um pedacinho de amor,
carinho,
ternura,
reconciliação,
perdão!

Tem presente de montão
no estoque do nosso coração
e não custa um tostão!
A hora é agora!
Enfeite seu interior!
Sejas diferente!
Sejas reluzente!

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Adriana Varejão (1964)

 

Finalizando, “Compras de Natal“, de Cecília Meireles

São as cestinhas forradas de seda, as caixas transparentes, os estojos, os papéis de embrulho com desenhos inesperados, os barbantes, atilhos, fitas, o que na verdade oferecemos aos parentes e amigos. Pagamos por essa graça delicada da ilusão. E logo tudo se esvai, por entre sorrisos e alegrias. Durável — apenas o Meninozinho nas suas palhas, a olhar para este mundo.

Autor: Catherine Beltrão

Comments(3)

  1. Responder
    MIGUEL PENNA SATTAMINI DE ARRUDA says:

    Lindas reproduções. Porém, El Greco e Caravaggio são de tirar o fôlego. A iluminação de George de La Tour é espetacular. Quem trabalha com fotografia, tem obrigação de mergulhar nos pintores para descobrir iluminações excepcionais. São mestres da iluminação. O genial fotógrafo de cinema, que acabou de fazer a fotografia da obra prima de Woody Allen “Café Society”, Vittorio Storaro, é grande defensor da apreciação dos quadros dos grandes pintores para descobrirem nuances e efeitos geniais de iluminação que muito ajudam em suas composições. Parabéns por essas reproduções. Há lindos efeitos em Gauguin e Rubens também.

    • Responder
      Catherine Beltrão says:

      Que belo e enriquecedor comentário, Miguel! Como é bom ler um texto como esse, escrito por um grande conhecedor das artes da fotografia e do cinema! El Greco era um dos pintores preferidos de minha avó Edith, justamente pela luz que ele conseguia imprimir em suas obras. Também tenho aqui em casa um livro magnífico sobre Georges de La Tour, pela editora Office du Livre. Por vezes, me pego folheando suas páginas, à procura de luz… Um grande abraço!

      • Responder
        MIGUEL PENNA SATTAMINI DE ARRUDA says:

        Juntou as duas coisa que mais amo, pintura e cinema, fico fora de mim. Paixão profunda, junto com a música e o ballet. Os quatro pilares da minha cultura.
        Obrigado pela força. Este seu site é magnífico e preenche muito do que não temos em matéria de cultura.
        Beijo.

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