No filme “Caçadores de obras-primas” ( “Monuments Men“) esta pergunta é feita e respondida.
O filme recria a história verdadeira de um grupo de especialistas, conservadores, galeristas e artistas enviados à Europa pelo presidente Franklin D. Roosevelt para recuperar as obras roubadas pelos nazistas e protegê-las dos bombardeios aliados. Após 70 anos do final da Segunda Guerra Mundial, somente agora esta história é apresentada no cinema, sob a ótica norte-americana. Trailer e mais informações sobre o filme, clique aqui.
Mas a questão aqui não é opinar sobre o desempenho dos atores, ou mesmo sobre o tratamento sério e apaixonante que esta história merece. O foco, neste nosso contexto, é discutir se vale ou não a pena morrer para salvar uma obra de arte.
Me parece que, em primeiríssimo lugar, seria fundamental definir o que é uma “obra de arte”. Segundo o dicionário Aurélio, a obra de arte precisa ter qualidade. É a partir dessa definição que a discussão começa. Não se trata de morrer por qualquer trabalho artístico feito por alguém. Artistas, e não artistas, já devem ter produzido bilhões de obras. Destas, milhões podem ser consideradas obras de arte.
Ao ser admirada, uma obra de arte pode transformar uma pessoa. A vida de uma pessoa. Ao serem admiradas, várias obras de arte podem transformar muitas pessoas. As vidas de muitas pessoas. Grupos de pessoas. Povos.
O que valoriza uma obra de arte? Seu contexto histórico, com certeza. Seu conhecimento, entendimento e aceitação por um número cada vez maior de pessoas, com certeza. Sua manipulação mercantil, talvez.
No contexto familiar, o que vale uma vida humana? Muito. Um valor incalculável. E no contexto histórico, o que vale uma vida humana? Depende. Depende de sua importância neste contexto. Assim como a obra de arte.
A diferença é que o tempo de vida físico de uma pessoa é bem menor que uma obra de arte. A pessoa morre e a obra de arte permanece. É ela que vai contar a história de quem a criou e a História na qual ela foi criada. Daí reside a força, a importância e o valor de uma obra de arte.
Sim, vale a pena morrer para salvar uma obra de arte. Seria uma forma de agradecer ao artista que a criou seu legado para a Humanidade.
Autor: Catherine Beltrão
Comments(3)
Eduardo Vieira says:
1 de março de 2014 at 23:25Lindo texto para um belo tema…
Catherine Beltrão says:
3 de março de 2014 at 23:03O tema é polêmico. Pelo visto, você concordou com meus argumentos…
nioraldo says:
24 de setembro de 2018 at 02:38Alguma obra pode valer mais do que a obra de Deus ? a obra dele morre uma a cada segundo e nasce outra ao mesmo tempo, que obra é maior ?