Toda vez que pensamos em bailarinas na pintura, o nome que vem à mente é Degas. E não poderia ser diferente. Edgar Degas (1834 – 1917) foi um pintor, gravurista, escultor e fotógrafo francês, considerado por muitos como um dos grandes nomes do Impressionismo, embora haja controvérsias. Não seguiu fielmente as características impressionistas principais em suas obras, como os efeitos da luz ao ar livre e nem o uso da gama de cores típicas dos impressionistas. Ficou famoso por retratar cenas históricas, mas não deixou de pintar cenas de ópera e concertos, mulheres em ambientes cotidianos e finalmente, as bailarinas.
Considerado como “o pintor das bailarinas“, Degas eternizou-se com uma série de cenas e figuras dos bastidores do ballet: bailarinas amarrando as sapatilhas, grupos ensaiando, exercícios feitos na barra…
Grande parte das bailarinas de Degas foram feitas com a técnica do pastel sobre papel. Como o pastel é um material bastante perecível, parece que ele usava um fixador especial, que ele próprio testou e aprimorou em suas obras, o que as fez durarem mais tempo a ponto de serem apreciadas até os dias atuais.
E é exatamente esta técnica, a do pastel, além do tema “bailarinas”, que irá linkar Degas a Edith Blin (1891-1983), pintora francesa, amplamente citada em posts anteriores deste blog. Edith, autodidata, estudava e desenhava sem parar, desde quando começou sua trajetória de pintora, aos 51 anos, em 1942. Seu interesse pelo tema se deu nos anos 50, quando eu (Katia, meu apelido quando criança) estudava ballet. Paralelamente na mesma época, ela desenvolvia uma técnica própria na utilização do pastel, com os dedos servindo de “aplicadores” do pó no papel. Com o passar dos anos e das obras, Edith perdeu totalmente as digitais de alguns de seus dedos …
A série “Bailarinas”, realizada nos anos 50, consta de poucas obras, oito no total, e são todas dedicadas a mim. O pastel que mais me emociona é a “Bailarina vestida de azul”, em que Edith expressou com o pastel um movimento da bailarina Galina Ulanova, que eu idolatrava.
Bastante interessante também é ver que Edith usava a cartolina preta como suporte para seus pastéis, o que imprimia às obras uma aura de dramaticidade e mistério peculiares.
Embora possa parecer uma atitude ousada para alguns, ou até mesmo absurda para outros, somente o tempo dirá se foi ou não acertada minha decisão de juntar em um mesmo post, Edgar Degas e Edith Blin, irmanados pelas suas bailarinas e pela afinidade com o uso do pastel.
Autor: Catherine Beltrão