Da Vinci: Monalisa, Homem Vitruviano, ornitóptero, CVT…

Autorretrato - da Vinci

Leonardo da Vinci – autorretrato, Cerca de 1512 a 1515.

No último dia 15 de abril, comemorou-se o aniversário de Leonardo da Vinci (1452-1519). Embora o Google não lhe tenha dedicado um doodle nesta data, não posso deixar passa-la em branco. E como colorir está na moda, vou dar cores a esta página-data.

Para muitos, Leonardo da Vinci foi o maior gênio de todos os tempos. Como pode alguém ter levado tão a sério a cumplicidade da Arte com a Ciência? Como a mesma pessoa pode ter pintado a Monalisa e desenhado projetos de engenharia que seriam executados séculos depois? Como um único homem demonstrou, em 1490, através de um único desenho – O Homem Vitruviano – a simetria básica do universo e em outro desenho, também datado do mesmo ano, o conceito da transmissão continuamente variável, o atual câmbio CVT?

CVT_daVinci2

Ornitóptero, criação de Da Vinci, em 1488

Entre as inúmeras invenções de Leonardo, está o ornitóptero, precursor da asa-delta. Este invento data de 1488 e nada mais é do que um aparelho voador leve, porém mais pesado do que o ar, que imita o voo de pássaros e insetos voadores. O ornitóptero possuía em seu projeto original um confortável assento, além de diversos controles para o piloto.  Através dos séculos, o principal obstáculo para a execução do projeto teria sido a relação entre a força aplicada e o impulso obtido. Finalmente, em 2010, um ornitóptero canadense batizado Snowbird realizou o primeiro voo bem-sucedido de um ornitóptero movido à força humana, e deste modo concretizou o sonho de Leonardo da Vinci.

CVT_daVinci1

Conceito do CVT, idealizado por Da Vinci, em 1490.

O conceito de CVT – Transmissão continuamente variável é um tipo de transmissão que simula uma quantidade infinita de relações de marcha, uma vez que funciona com um sistema de duas polias de tamanhos diferentes interligadas por uma correia metálica de alta resistência, em vez de engrenagens com determinados tamanhos. O conceito do CVT foi idealizado por Leonardo da Vinci em 1490, tendo sido a primeira patente do sistema registrada em 1886. Hoje, o câmbio CVT é usado principalmente em pequenos veículos como motocicletas, jet skis, karts, snowmobiles e carros de golfe, tem vindo a ser incorporado a veículos maiores como carros de passeio e pickups, é também considerado um tipo de câmbio automático, apesar de seu funcionamento ser diferente.

Nos carros, além da aceleração contínua, sem trancos, o que dá a impressão de que o carro nunca troca de marchas, o sistema CVT proporciona economia de combustível em relação a todos os outros sistemas anteriores, sejam eles automáticos ou manuais. Meu amigo Ângelo Pecly, também professor, fez o seguinte depoimento:

Lembro que a algumas montadoras já tentaram implantar este câmbio em seus carros, mas nunca funcionou muito bem, principalmente porque a correia deslizava. Pra encurtar a história, mais recentemente, as montadoras conseguiram implementar o conceito através de correntes. Bem, hoje temos, por exemplo, o Honda Fit que é mais econômico na versão automática (com CVT) do que a versão com câmbio manual. Até bem pouco tempo atrás, diria uns 5 anos, não se podia imaginar um câmbio automático ser mais econômico que um manual. ”  Mais um gol de placa do Leonardo da Vinci!

da Vinci - Homem Vitruviano

O Homem Vitruviano, de Da Vinci

Eu já escrevi um post neste blog sobre o Homem Vitruviano e suas implicações no número áureo. Este célebre desenho de Da Vinci data também de 1490 e é considerado frequentemente como um símbolo da simetria básica do corpo humano e, por extensão, para o universo como um todo. É interessante observar que a área total do círculo é idêntica à área total do quadrado (quadratura do círculo) e este desenho pode ser considerado um algoritmo matemático para calcular o valor do número irracional Phi (aproximadamente 1,618), ou número áureo. Este número é a representação extrema da perfeição, ou ainda, é a ponte que liga a Arte à Matemática.

A Monalisa é provavelmente o retrato mais famoso na história da arte, senão, o quadro mais famoso e valioso de todo o mundo. Poucos outros trabalhos de arte são tão controversos, questionados, valiosos, elogiados, comemorados ou reproduzidos. É uma pintura a óleo sobre madeira de álamo e encontra-se exposta no Museu do Louvre, em Paris, desde 1797, sendo a maior atração do museu.

CVT_daVinci4

Monalisa, de Da Vinci. 1503 a 1506. 77 X 53cm

A Monalisa já protagonizou várias histórias. Em pesquisa na Internet, encontramos algumas. Por exemplo, o imperador Napoleão Bonaparte ficou apaixonado pelo quadro desde a primeira vez que o viu, e mandou colocá-lo nos seus aposentos. Porém, durante as guerras com a Prússia, a Monalisa, bem como outras peças da coleção do museu francês, foi escondida num lugar seguro.

A 22 de agosto de 1911, cerca de 400 anos após ser pintada por Leonardo da Vinci, a Monalisa foi roubada. Muitas pessoas, incluindo o poeta francês Guillaume Apollinaire e o pintor espanhol Pablo Picasso, foram presas e interrogadas sob suspeita do roubo da obra-prima da pintura italiana. Apollinaire e Picasso foram soltos meses mais tarde. Acreditou-se, que a pintura estava perdida para sempre, que nunca mais iria aparecer. Porém, a obra apareceu na Itália, nas mãos de um antigo empregado do museu onde a obra estava exposta, Vincenzo Peruggia, que era de fato, o verdadeiro ladrão.

Em 1956, um psicopata jogou ácido sobre ela, danificando parte inferior da obra; o processo de restauração foi demorado. No mesmo ano, um boliviano jogou uma pedra contra a obra, estragando parte da sobrancelha esquerda da musa de Da Vinci.

Em 2 de agosto de 2009, uma mulher russa jogou uma xícara vazia de café contra o quadro. A pintura não foi danificada, pois a xícara quebrou na proteção de vidro à prova de balas que existe antes do painel. Segundo as autoridades, a mulher só fez isso porque estava indignada após não conseguir a cidadania francesa.

A vida, as obras, os inventos, tudo de Leonardo da Vinci parece um tesouro infinito, que vai se desdobrando com o tempo, que vai desabrochando e florescendo através da evolução da ciência e tecnologia. Com toda certeza,  faço parte daqueles que consideram Da Vinci o maior gênio que já existiu.

 Autor: Catherine Beltrão

Comente