Guerra e Arte

Guernica” talvez seja a obra mais conhecida de Pablo Picasso (1881-1973), um dos maiores pintores do século XX.

Com 3,49 m de altura por 7,76 m de comprimento, “Guernica” é um imenso mural pintado a óleo em 1937, sendo uma “declaração de guerra contra a guerra e um manifesto contra a violência”. A obra é hoje um símbolo do antimilitarismo mundial e da luta pela liberdade do homem, além de ser um ícone da Guerra Civil. 

Picasso_guernica

“Guernica”, de Pablo Picasso

Tendo sido produzida em Paris para representar a Espanha na Exposição Internacional de Artes e Técnicas, a obra influenciou vários artistas, incluindo os brasileiros Cícero Dias e Cândido Portinari. Após ver “Guernica“, naquele mesmo ano de 1937, Cícero Dias transformou sua temática e forma de pintar.   E foi através da amizade que se formou entre os dois pintores que possibilitou a vinda desta obra para o Brasil em 1953, para participar da Segunda Bienal de São Paulo.

Quanto a Portinari, ele viu o quadro espanhol pela primeira vez, em 1942, em Nova York. Sua temática característica, de retratar os dramas oriundos do Brasil, foi inspirada no tema da dor e das questões sociais advindas da representação de “Guernica“.

Tamman Azzam nasceu em Damasco, na Síria, em 1980. Após um treinamento artístico na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Damasco, e quando iniciou a revolta na Síria ele voltou-se para a mídia digital e arte gráfica para criar composições visuais do conflito, com grande repercussão internacional.

Klimt_Beijo_TammanAzzam2

Superposição do obra “O beijo”, de Gustav Klimt em prédio devastado pela guerra, na Siria. Por Tamman Azzam.

Uma das criações mais famosas de Azzam é a superposição da icônica obra “O beijo“, de Gustav Klimt, em paredes de um prédio devastado pela guerra em sua terra natal, o que provoca sentimentos contraditórios, oscilando do horror à contemplação, e vice-versa…

Em 2004, foram doados ao Museu ArtenaRede 27 obras da artista paulista Théta C. Miguez, oriundas da série “Retratos do Apocalipse”. Entre as obras, algumas evidenciam os horrores da guerra, como a inesquecível imagem da pequena vietnamita fugindo de um ataque com bombas de napalm…

Theta2

“Holocausto”, de Theta C. Miguez. 2002 – Téc.mista – 50 X 70 cm
Série “Retratos do Apocalipse”

Assim se expressou a artista, sobre a citada série:

Theta1

“O choro da menina vietnamita”, de Théta C. Miguez. 2002 – Técnica mista – 70 X 50cm.
Série “Retratos do Apocalipse”.

“A escolha do tema “Retratos do Apocalipse” se dá em face do desejo de retratar a situação das profundas transformações que estão ocorrendo em nosso mundo, em pleno apogeu da era tecnológica e dos expressivos avanços dos meios de comunicação.

Como o apocalipse representa previsões, no que tange o fim da humanidade, expresso através desse projeto, que a mesma não está em vias de acabar, como alude tais previsões místicas, mas que de certa forma, vem falindo nos seus propósitos sociais, humanitários e existenciais.

Guerra se faz com armas, o Bom Combate se faz com a mente. Na condição de artista plástica, continuarei a guerrear através dos pincéis, registrando em minhas obras, palavras e sentimentos, como ponto de partida para a Paz.”

Geralmente, o contraponto da guerra é a paz. E se o contraponto da guerra fosse a arte?

 Autor: Catherine Beltrão

Comente