Picasso, Giacometti e Christie’s: três novos recordes a serem batidos

Dia 11 de maio de 2015. Segunda-feira. Sala de leilões da Christie’s em Nova York. Nesta noite, a célebre casa de leilões Christie’s assumiria a ponta na corrida da valorização de obras de artistas plásticos. Nesta noite, três recordes foram batidos: pintura, escultura e arrecadação em uma só noite de leilão.

leilao - Christies 1808

Casa de leilão Christie’s – 1808

Fundada em 5 de Dezembro de 1766 por James Christie em Londres, Inglaterra, a Christie’s conseguiu criar uma rápida reputação entre as casas leiloeiras britânicas, nos anos seguintes à Revolução Francesa no que se refere ao comércio de obras de arte. Quase 250 depois, a Christie’s também se faz presente em 32 países, com 53 escritórios e 12 salas de leilões, incluindo Londres, Nova York, Paris, Gênova, Milão, Amsterdam, Dubai, Zurique, Hong Kong, Xangai e Mumbai. Mais recentemente, ela tem apontado seus holofotes para a Russia, a China, a India e os Emirados Árabes.

leilao - Picasso

“As mulheres de Argel”, de Pablo Picasso – ost, 1955

Na noite do dia 11 de maio, na sessão do leilão intitulada “Looking Forward to the Past” (“Explorando o Futuro através do Passado“), a obra “As mulheres de Argel” (“Les femmes d’Alger“), de Pablo Picasso (1881-1973) foi arrematada por US$ 179,4 milhões, o maior valor já pago por uma obra de arte em leilão.

leilao - Delacroix

“Mulheres de Argel em seu apartamento”, de Eugène Delacroix. Ost, 1834, 180 X 229cm

As Mulheres de Argel” faz parte de uma série de Picasso inspirada no artista Eugene Delacroix, lançada entre 1954 e 1955. Apareceu diversas vezes em retrospectivas do artista espanhol. Esta obra de Picasso representa uma cena passada num harém, sem dúvida alguma inspirada nas “Mulheres de Argel em seu Apartamento“, de Eugéne Delacroix (1798-1863).

Eu ainda estou em choque que vamos colocá-lo à venda” afirmou na ocasião o vice-presidente da Christie’s, Olivier Camu, de acordo com o The Guardian. “Entre as obras de Picasso que são propriedade privada, essa é a mais importante”.

Nesta mesma noite, foi arrematada a escultura “O homem que aponta” (“L’homme au doigt“), de Alberto Giacometti (1901-1966), pelo valor de US$ 141,3 milhões. A obra é uma representação escultórica da filosofia do existencialismo e faz parte de uma série de seis peças, das quais é a única pintada à mão pelo artista.

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“O home que aponta”, de Alberto Giacometti – bronze, 1947, 177,5cm

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“O homem que caminha I”, de Giacometti. Bronze, 1961, 183cm

L’homme au doigt” confirma assim o monopólio de Giacometti no mercado milionário da escultura, pois supera seu próprio recorde, “O homem que caminha I” (“L’Homme qui marche I“), que alcançou em 2010 o preço de US$ 104,3 milhões em Londres.

Esta escultura é a questão do existencialismo. Um homem sozinho, apontando sem saber o que aponta“, explicou à Agência Efe a especialista em arte contemporânea da Christie’s, Ana María Celis, para quem Giacometti, com suas figuras espigadas, de superfície cavernosa e alta expressividade, não tem rival no mercado  de esculturas.

A noite “Looking Forward to the Past” da Christie’s totalizou US$ 705,9 milhões, recorde mundial de arrecadação de todos os tempos em uma só sessão de leilão. Foram 35 lotes à venda, dois vendidos acima de US$ 100 milhões, três acima de US$ 50 milhões, 9 lotes acima de US$ 20 milhões, 12 lotes acima de US$ 10 milhões e 29 lotes acima de US$ 1 milhão.

A propósito: Picasso e Giacometti são os dois artistas mais cobiçados da atualidade. Da lista das dez obras de arte mais caras da história vendidas em leilão, quatro são de Picasso e três são de Giacometti.

Pois é. Enquanto isso, ao sul do Equador, a Arte continua sendo coisa de somenos importância. Fecham-se museus. Fecham-se espaços culturais. Em cidades onde eles existem/existiam. Porque por aqui também há cidades de mais de 200.000 habitantes sem museus.

Autor: Catherine Beltrão

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