Como sempre faziam na maior parte dos finais de tarde, Katia e sua avó Edith, recostadas respectivamente no sofá e na poltrona bergère da sala, repetiam seus rituais de leitura: livros de pintura para a avó, livros de balé para a neta.
De repente, a menina exclamou:
– Olha só, vó, descobri uma bailarina que faz aniversário no mesmo dia que eu: 27 de maio!
– É mesmo? E quem é?, perguntou Edith:
– Isadora Duncan! Você conhece, vó?
– Se conheço? Conheço, sim. E a avó foi falando tudo que sabia sobre a bailarina.
Falou que Isadora Duncan tinha sido uma pioneira da dança moderna, para muitos a mais importante. Ela era também revolucionária, amante das artes e um espírito livre e independente. Isadora se inspirava nos gregos e pelos movimentos da natureza, como o vento, plantas e animais.
– E como ela fazia o movimento do vento, vó?
– Isadora gostava de dançar de pés descalços, vestindo apenas uma simples túnica de seda. Quando ela rodava, era mais fácil representar o vento…
Katia também ficou sabendo que Isadora não concordava com as regras e exigências do balé clássico: coreografias rígidas, sapatilhas de ponta, corpetes apertados. Quanto à música, ela gostava de dançar ao som de melodias dos compositores Frédéric Chopin e de Richard Wagner, o que também não era comum na época.
E, antes que a neta falasse alguma coisa, a avó pintora decretou:
– Vou pintar uma bailarina Isadora pra você!
E Edith pintou a “Bailarina com véu lilás” para Katia.
Naquele dia, Katia soube que Isadora foi única e seu legado enorme, pois introduziu a liberdade na dança. Que seu nome é reconhecidamente um dos mais importantes da dança de todos os tempos. E que nunca haverá outra Isadora Duncan.
E, também naquele dia, Katia decidiu que iria deixar um legado. Não sabia ainda qual. Só sabia que este legado seria de Arte.
Autor: Catherine Beltrão
Este é o 5º post da série “Bailarinas“. 1º post: “A Bailarina Azul”; 2º post: “A Fada Bailarina Lilás“; 3º post: “A Bailarina de Tutu Amarelo”; 4º post: “Odete, Aurora ou Clara?”