O lote de US$ 1,63 bilhão… quem dá mais?

Da Vinci, Picasso, Modigliani, Bacon,  Giacometti, Munch, Basquiat e Warhol… o que eles têm em comum? Você sabe? Eles são os autores das dez obras mais caras já vendidas em leilão. Picasso e Giacometti aparecem duas vezes nesta lista. Os valores destas obras, em conjunto, ultrapassam US$ 1,63 bilhão!

Recorde_DaVinci

“Salvador do Mundo”, de Leonardo da Vinci.
45,4 cm x 65,6 cm – ost – cerca de 1500

Comecemos pela obra “Salvator Mundi” (“Salvador do Mundo“), de Leonardo da Vinci (1452-1519).  Ela representa Jesus Cristo, no estilo renascentista, dando uma bênção com a mão direita  levantada e os dedos cruzados enquanto segura uma esfera de cristal na mão esquerda. A obra precorreu uma extensa trajetória até ser   redescoberta em 2005. Alguns especialistas contestam a autoria de Da Vinci. Apesar disso, a obra foi vendida em leilão pela Christie’s em Nova York, em 15 de novembro de 2017, por US$ 450,3 milhões, estabelecendo uma nova marca para a pintura mais cara já vendida.

Recorde_Picasso

“As mulheres de Argel”, de Pablo Picasso.
114 X 146,4cm – ost – 1954/55

A segunda obra mais cara é de autoria de Pablo Picasso (1881-1973). Sua obra “Les femmes d’Alger” (“As mulheres de Argel“) representa um harém, e foi arrematada por US$ 179,3 milhões em um leilão na casa Christie’s, em Nova York, em 11 de maio de 2015. Esta obra faz parte de uma série de 15 pinturas e vários desenhos feitos por Picasso, com o mesmo tema,  tendo o pintor sido inspirado pelo artista francês do século XIX, Eugène Delacroix.

Recorde_Modigliani

“Nu deitado”, de Amedeo Modigliani.
92 X 160cm – ost – 1917

No terceiro lugar, fica Amedeo Modigliani (1884-1920),  com a obra “Nu couché” (“Nu deitado“), vendida por US$ 170,4 milhões em 9 de novembro de 2015 na Christie’s de Nova York. A pintura é uma das famosas séries de nus que Modigliani pintou em 1917 sob o patrocínio de Léopold Zborowski, seu negociador polonês. Acredita-se que ela tenha sido incluída na primeira e única exposição de arte de Modigliani em 1917, na Galeria Berthe Weill, que foi encerrada pela polícia. Este grupo de nus de Modigliani serviu para reafirmar e revigorar o nu como sujeito da arte modernista.

Em seguida, temos a obra “Three Studies of Lucian Freud” (“Três estudos de Lucian Freud”), um tríptico de Francis Bacon (1909-1992), vendido por US$ 142,4 milhões em 12 de novembro de 2013  também na Christie’s de Nova York.

Recorde_Bacon

“Três estudos de Lucien Freud”, de Francis Bacon.
147,5 X 198cm – ost – 1969

O tríptico é composto por telas do mesmo tamanho e emolduradas individualmente, que retrata o pintor Lucian Freud (neto de Sigmund Freud), grande amigo de Bacon, tendo um exercido grande influência sobre o outro. Os três painéis foram trabalhados ao mesmo tempo, mas foram vendidos separadamente em meados de 1970, após o tríptico ser exposto no Grand Palais/Paris (1971-1972), para tristeza do artista, que dizia que ficavam “sem sentido, a menos que um  estivesse unido aos outros dois painéis.” Mas em 1999 o trabalho voltou à sua forma original.

Recorde_Giacometti

“O homem que aponta”, de Alberto Giacometti.
177,5cm de altura – bronze – 1947

A quinta obra mais cara já vendida em leilão é a escultura “L’homme au doigt” (“O homem que aponta”), de Alberto Giacometti (1901-1966),  que se tornou em 11 de maio 2015, a escultura mais cara já leiloada ao alcançar o preço de US$ 141,28 milhões em um leilão promovido pela casa Christie’s, em Nova York. A obra é uma representação escultórica da filosofia do existencialismo e faz parte de uma série de seis peças, das quais é a única pintada à mão pelo artista. A peça de bronze faz parte de uma série de seis esculturas e foi vendida no mesmo leilão em que também foi vendida a obra “Mulheres de Argel” de Picasso.

Record_Munch

“O Grito”, de Edvard Munch.
83,5 X 66cm – óleo sobre tela, têmpera e pastel sobre cartão – 1895

Em sexto lugar, fica talvez a mais famosa desta lista de top10. Trata-se da obra “O Grito“, de Edvard Munch (1863-1944), vendida por US$ 119,9 milhões em 2 de maio de 2012 na Sotheby’s de Nova York.  Esta obra também pertence a uma série, com quatro pinturas conhecidas, que se encontram no Museu Munch, em Oslo, na Galeria Nacional de Oslo e a terceira em coleção particular. Em 2012, a quarta obra da série tornou-se a pintura mais cara da história a ser arrematada na época, num leilão. É uma das obras mais importantes do movimento expressionista e adquiriu um estatuto de ícone cultural, a par da Mona Lisa de Leonardo da Vinci. Nesta versão de 1895 as cores são mais fortes do que nas outras três versões e é a única em que a moldura foi pintada pelo artista com o poema que descreve uma caminhada ao pôr-do-sol que inspirou a pintura. Outra particularidade única desta versão é que uma das figuras que está em segundo plano olha para baixo, para a cidade. O poema:
Eu caminhava com dois amigos – o sol se pôs, o céu tornou-se vermelho-sangue – eu ressenti como que um sopro de melancolia. Parei, apoiei-me no muro, mortalmente fatigado; sobre a cidade e do fiorde, de um azul quase negro, planavam nuvens de sangue e línguas de fogo: meus amigos continuaram seu caminho – eu fiquei no lugar, tremendo de angústia. Parecia-me escutar o grito imenso, infinito, da natureza.”

Recorde_Basquiat

“Sem título”, de Jean-Michel Basquiat.
183 X 173cm – ost – 1982

Segue-se uma obra bastante controversa: a tela sem título de Jean-Michel Basquiat (1960-1988), vendida por US$ 110,5 milhões em 18 de maio de 2017 na Sotheby’s de Nova York. Basquiat criou a obra com 21 anos, no momento mais importante de sua carreira como artista. “Tudo o que tocava era fantástico”, disseram os responsáveis da Sotheby’s durante a apresentação da tela antes do leilão. O comprador anterior pagou US$ 19 mil em um leilão em 1984. Desde então ela não voltou a ser vista em público. Os especialistas afirmam que é um dos três melhores quadros de Basquiat, transformado desde então em “uma grande obra prima”.

Recorde_Picasso2

“Nu, folhas verdes e busto”, de Pablo Picasso.
163 X 130cm – ost – 1932

O oitavo luga também pertence a uma outra obra de Pablo Picasso, o  “Nu au plateau de sculpteur” (“Nu, folhas verdes e busto“), vendida por US$ 106,4 milhões em 4 de maio de 2010 na Christie’s de Nova York.  A obra representa a amante de Picasso, Marie-Thérèse Walter, nua e reclinada, enquanto a cabeça do pintor está   representada num busto postado num pedestal, que observa a mulher logo abaixo. Faz parte de uma série de retratos que Picasso pintou de sua amante e musa Marie-Thérèse Walter, em 1932.

Recorde_Andy

“Silver car crash (double disaster)”, de Andy Warhol.
390 X 240cm – serigrafia – 1963

Segue mais uma obra polêmica, desta vez de Andy Warhol (1928-1987), a “Silver car crash (double disaster)”, vendida por US$ 105,4 milhões em 13 de novembro de 2013 na Sotheby’s de Nova York. A serigrafia é de tamanho monumental e pertence a um dos quatro trabalhos da série ‘Car Crash – Death and Disasters‘.  Especialistas afirmam que esta obra é um trabalho de grande escala e ambição, da mesma forma que  “Guernica“, de Picasso, ou a “ Balsa da Medusa” de Théodore  Géricault.

Para muitos, a série ‘Death and Disasters‘ é a conquista artística mais significativa de Warhol, considerado pai e expoente máximo da pop art.

Recorde_Giacometti2

“O homem caminhando I”, de Alberto Giacometti.
183cm de altura – bronze – 1961.

Terminando esta lista, a segunda obra de Alberto Giacometti.  A escultura “L’homme qui marche” (“O Homem Caminhando I”) foi vendida  104,3 milhões de dólares em 4 de fevereiro de 2010 num leilão da Sotheby’s, em Londres. “Ela representa o ápice da experimentação de Giacometti com a forma humana e é tanto a imagem de um homem simples e submisso como um forte símbolo da humanidade“, afirmou a Sotheby’s, na época. Esta escultura é  considerada a principal obra de Giacometti e está estampada também na nota de 100 francos suíços. Existem seis originais da peça. O homem caminhando I faz parte de uma série de esculturas de bronze esbeltas feitas pelo artista suíço entre 1947 e sua morte e que representam homens e mulheres solitários.

Essa lista dos top10 é bastante intrigante. O mais amado dos pintores – Vincent van Gogh – já não consta da lista. Picasso e Giacometti estão representados duas vezes. Basquiat, um desconhecido para a maioria, está aí. Ele e Warhol talvez tomaram o lugar de Monet e de Van Gogh. Pop Art no lugar do Impressionismo. Munch e Modigliani seguram o expressionismo e o modernismo. E, acima de todos, o renascentista Leonardo da Vinci…

Autor: Catherine Beltrão

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