Amedeo Clemente Modigliani (1884-1920) foi um artista plástico e escultor italiano que viveu em Paris. Artista principalmente figurativo, tornou-se célebre sobretudo por seus retratos e nus femininos caracterizados por rostos e pescoços alongados, à maneira das máscaras africanas.
Jeanne Hébuterne (1898-1920), jovem pintora e que já tinha sido retratada por Tsuguharu Foujita (1886-1968), conheceu Modigliani em 1917, no Café de La Rotonde, em Paris. O pintor, que tinha fama de mulherengo, conquistou Jeanne rapidamente. Primeiro ele a desenhou, em seguida a levou para um hotel miserável e a pintou. Ela tinha dezoito anos; ele, trinta e um.
Até sua morte, em 1920, Modigliani realizou vários retratos de Jeanne.
Em novembro de 1918, Jeanne deu a luz a uma menina, que recebeu o mesmo nome da mãe, Jeanne Modigliani (1918-1984), sendo reconhecida como filha por Modigliani.
No final de junho de 1919, Jeanne estava grávida novamente. E renunciada por sua família: ela havia escolhido viver com Modigliani. A vida do casal era bastante complicada e Modigliani tinha a saúde debilitada, devido a uma tuberculose mal curada e ao consumo excessivo de álcool e drogas. Em janeiro de 1920, amigos encontraram Modigliani ardendo em febre e delirando. Não havia nem carvão e nem água. Jeanne, grávida de nove meses, estava muito fraca, quase não tinham comida e se alimentavam apenas de sardinhas enlatadas. Ficaram esquecidos por todos e trancados no estúdio por uma semana.
Na noite de 24 de janeiro de 1920, aos 35 anos, Modigliani morreu de tuberculose meningítica. Foi sepultado no famoso Cemitério do Père-Lachaise, em Paris.
No dia seguinte à morte do companheiro, Jeanne, grávida de nove meses, suicidou-se, atirando-se do quinto andar do prédio onde viviam seus pais. Ela tinha 21 anos.
Enquanto o sepultamento de Modigliani foi um estrondoso acontecimento público, o corpo de Jeanne Hébuterne foi sepultado no mesmo dia às escondidas pelos pais, no cemitério de Bagneux. Sua filha foi criada pelas irmãs de Modigliani, e cresceu sem saber o que ocorrera com os pais. Apenas nove anos depois, o irmão mais velho de Modigliani conseguiu convencer a família Hébuterne a trasladar os restos mortais de Jeanne e seu filho que não nasceu para o cemitério do Père- Lachaise, junto ao corpo de seu grande amor.
Menos de um século após a morte de Amedeo e Jeanne, a obra de Modigliani é uma das mais valorizadas do mercado de arte. Recentemente, em novembro de 2015, foi arrematada a obra “Nu couché“, a segunda mais valorizada em leilões internacionais: US$ 170,4 milhões. A obra de Jeanne Hébuterne é praticamente desconhecida.
Autor: Catherine Beltrão