Guignard, filho de Nova Friburgo

Eu já conhecia a obra de Guignard desde os tempos da Galeria Montmartre Jorge. Nas décadas de 50 e 60, meu tio Jorge Beltrão, marchand e empresário, dono da Galeria, promoveu exposições de vários artistas, entre eles José Pancetti, Flávio de Carvalho e Guignard.

"Autoretrato", osm, 1961

“Autoretrato”, osm, 1961

Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) nasceu em Nova Friburgo/RJ e morreu  em Belo Horizonte/MG. Considerado um dos maiores pintores modernistas do Brasil, junto a Cândido Portinari e Di Cavalcanti, sua produção pictórica compreende paisagens, retratos e temas florais,  além de pinturas de gênero e de temática religiosa.

Escreveu Cecília Meireles, em 1947:

 “Árvores de nuvem e flores do mar – levai-me a esse mundo do Rei Guignard! (…)

As rochas, de espuma. As conchas, de luar. O sonho pousado em ramagens de ar… Levai-me a este reino do Rei Guignard.”

Guignard-fantasia

“Fantasia”, osm, 30 X 122cm,1960

LogoEm 2003, a ArtenaRede, empresa então ainda incubada na UERJ, incentivada pelo jornalista e cineasta Luis Carlos Prestes Filho, teve a ideia de criar o projeto “Guignard – filho de Nova Friburgo“, que tem por objetivo valorizar a vida e a obra do artista Alberto da Veiga Guignard em sua cidade natal. Trata-se de um assunto de importância estratégica para o desenvolvimento cultural e econômico de Nova Friburgo/Rio de Janeiro, local de seu nascimento.

"Paisagem imaginante", osm, 1955

“Paisagem imaginante”, osm, 1955

O projeto é constituído de vários módulos: além do site do projeto e dos “Encontros com Guignard” (que foram iniciados na época),  constam do projeto uma retrospectiva de obras do artista na cidade em que nasceu, a construção de um “Memorial Guignard“, a criação e a construção de uma escultura do artista a ser fixada em local de destaque na cidade, exposições de arranjos florais reproduzindo

"Vaso de flores", osm, 60 X 50 cm, 1946

“Vaso de flores”, osm, 60 X 50 cm, 1946

flores pintadas por Guignard, seminários com palestras e mesas-redondas sobre o legado do artista, quiosques espalhados pela cidade, vendendo produtos contendo reproduções de obras de Guignard e artigos comemorativos como camisas, posters, agendas, cadernos, toalhas, lençóis, pastas, medalhas, selos, moedas, entre outros.

Nas andanças e pesquisas realizadas na tentativa de o Projeto vingar, vale a pena citar três momentos:

1. Em junho de 2004, a convite de Sylvio Lago Junior, grande historiador, ensaísta e musicólogo, proferi uma palestra sobre o projeto “Guignard, filho de Nova Friburgo“, na Academia Brasileira de Arte, no Rio de Janeiro;

2. Em 2005, após intensa pesquisa, o site do projeto apresentou fotos e informações referentes ao famoso Solar Savory, localizado em Mury, local esse em que Guignard residiu por alguns meses no início dos anos 40. Cabe ressaltar que nenhum livro sobre Guignard, já publicado até aquele ano, mencionava o exato local deste Solar. Na época, mandei uma carta à Secretaria de Educação e Cultura do município, solicitando o tombamento do Solar e a sugestão para a transformação do local em Centro Cultural. Como resposta, o Solar foi demolido e em seu lugar, construído um shopping de moda íntima;

Solar Savory, em Mury.

Solar Savory, em Mury, em 2005.

3. No evento do Fashion Rio de junho de 2006,  a Moda Íntima de Nova Friburgo apresentou o tema floral de Guignard como linha mestra para promoção.

Apesar destes momentos gloriosos e inesquecíveis, “Guignard, filho de Nova Friburgo” é mais um projeto, entre muitos, a esperar a evolução da inteligência e da sensibilidade dos que detém  a governança das áreas pública e privada da cidade de Nova Friburgo.

Mais informações sobre o projeto “Guignard, filho de Nova Friburgo”, clique aqui.

Autor: Catherine Beltrão

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